segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Ética e a vida

Num papo sobre ética com meu pai, um médico estudioso, disse-me uma frase que marcou parte da minha trajetória. Era mais ou menos assim: Nietzsche e Schopenhauer refletiram muito sobre a ética diante da razão e dos sentimentos. E para se tomar uma decisão têm de se ouvir a razão e o coração. Portanto a ética poderia ser considerada como a ação final de uma conduta que leva em consideração os preceitos da razão e os conflitos do coração.
Etimologicamente falando, ética vem do grego ethik que significa moral, tem seu correlato no latim morale, com o mesmo significado: conduta, ou relativo aos costumes. Etimologicamente ética e moral podem até parecer palavras sinônimas, mas a ética nasce de dentro de nós , ou seja, é uma conduta que tem a ver com a experiência de vida onde se vivenciou os aspectos da moralidade da sociedade. Enquanto a ética vem de dentro, a moral vem de fora. A moral vem dos costumes de cada local e a ética, nasce do caráter. A ética é intrínseca do homem e a moral extrínseca ao homem. Mas este é um assunto para outro texto.
Ainda, segundo o Dicionário Aurélio, ética é "o estudo dos juízos de apreciação que se referem à conduta humana susceptível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente à determinada sociedade, seja de modo absoluto". Vários pensadores em diferentes épocas abordaram especificamente assuntos sobre a ética: os pré-socráticos, Aristóteles, os Estóicos, os pensadores Cristãos (Patrísticos, escolásticos e nominalistas), Kant, Espinoza, Paul Tillich , entre outros. Mas e hoje, o que somos e o que pensamos sobre a ética? Bom, para começar acredito que para melhorar o mundo se deve começar com que está à sua volta.
Em cinco séculos, conseguimos dizimar 96% dos índios e destruir 20% da floresta amazônica. Transformamos uma área maior que o RS, PR, SC, RJ e ES somados num pasto que beneficia apenas 20 mil famílias de pecuaristas numa região onde moram 20 milhões de pessoas.
Quais os valores que nos moldam?
Quais as razões que nos faz confundir o desejo do pouco que somos em relação ao muito que a vida nos traz?
Existe uma metáfora indiana que nos ensina: na índia vive um pássaro que é único – a encantadora Fênix tem um bico extraordinariamente longo e muito duro, perfurado com uma centena de orifícios, como uma flauta. Cada abertura em seu bico produz um som diferente, e cada um desses sons revela um segredo particular, sutil e profundo. A Fênix conhece de antemão a hora de sua morte. Quando ela sente aproximar-se o momento de retirar o seu coração do mundo, constrói uma pira reunindo ao redor de si, lenha e folhas de palmeira. Quando lhe resta apenas um sopro de vida, a Fênix bate suas asas e agita suas plumas, e deste movimento produz-se um fogo que transforma seu estado. Porém, quando a pira foi consumida e a última centelha se extingue, uma pequena Fênix desperta do leito de cinzas.
A ética para mim é como a Fênix, nos faz nascer e morrer a cada dia em busca de uma visão melhor de nós mesmos para que os olhos não fiquem voltados para o externo e sim para o interno, de onde ressurge todos os dias a resposta para um planeta melhor.

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