sexta-feira, 25 de março de 2011

Brinde

Fernanda Freitas
Um brinde à glória falsificada, à minha diária derrota, a toda emboscada.
Um brinde aos assassinos livres. Aos cidadãos aprisionados. E aos que estão tristes. A essa falta de ideia.
Um brinde à paz utópica e à verdade hipócrita. À enganação, alienação, corrupção.
Um brinde a cada geração perdida. Aos cada vez mais ricos, aos que não têm um tostão, aos lacaios políticos.
Um brinde ao vinho tinto, aos sentimentos que já nem mais sinto. À verdade ilustre, tão cruel, concreta que nem quase eu falar pude.
Por fim, um brinde à vida, à mudança tão desejada, que um dia seja merecida.

terça-feira, 15 de março de 2011

Despedida...

V. Fernandes

Como me despedir de algo imaterial, intocado e intocável?

Como dizer adeus a algo que viveu tão-somente em meu coração, mas que tocou minha alma como um raio de sol num dia frio?

Dizer adeus, deixar essa emoção, esse sentimento de lado é tão doloroso quanto insistir nele, sabendo que, de uma forma ou de outra, a solidão é minha companheira. E a saudade...

Como dói a saudade de você...

Adoraria deixá-las na próxima estação... As companheiras que a viagem colocou ao meu lado, mas pelas quais não sinto o menor carinho, o menor apego.

Mas elas continuam aqui, ao leu lado...

E você foi embora...

Farewell, my love...

Passado...



O que acontece de doloroso no passado tem tudo a ver com o que somos hoje.
William Glasser

Sofrimento...

O que mais causa indignação contra o sofrimento não é o sofrimento em si, mas sua absoluta falta de lógica.
W. F. Nietzsche

quinta-feira, 10 de março de 2011

Buquê de presságios

Marcelo Montenegro
De tudo, talvez, permaneça o que significa. O que não interessa. De tudo, quem sabe, fique aquilo que passa. Um gerânio de aflição. Um gosto de obturação na boca. Você de cabelo molhado saindo do banho. Uma piada. Um provérbio. Um buquê de presságios. Sons de gotas na torneira da pia. Tranqueiras líricas na velha caixa de sapato. De tudo, talvez, restem bêbadas anotações no guardanapo. E aquela música linda que nunca toca no rádio.

sábado, 5 de março de 2011

Wyrd Bið Ful Aræd


V. Fernandes
O destino é inexorável.
Boa parte de nossas vidas pode, e deve, ser planejada. Não é correto deixar tudo ao acaso, até porque a vida tende a castigar aqueles que não lutam.
Castiga também os que lutam...
Cedo ou tarde, não importa o quanto planejemos, o quanto lutemos, a vida cai sobre nossas cabeças tal qual um machado de querra, destruindo nossa paz, nossa alegria.
Quando esse dia chega, o que diferencia as pessoas não é a sorte, ou a falta dela. Não importa se, como ou quando sofremos... O que importa é como vamos seguir, apesar do sofrimento.
E é essa decisão, de seguir em frente, que diferencia as pessoas.