domingo, 29 de novembro de 2009

Void

Hoje eu queria o silêncio
Queria o céu e as estrelas
Hoje eu queria o nada
Porque hoje estou cansada do caos
O
Hoje eu queria a maresia
Queria o cheiro do oceano
Queria deitar no convés de um veleiro
E ouvir a água batendo no casco
O
Ouvir apenas o ranger do cordame
O vento sobre as velas
Hoje eu queria a comunhão com a natureza
Hoje eu precisava do colo da Mãe
O
Porque hoje estou cansada da luta
Estou cansada da guerra
E hoje, tudo o que eu quero é o vazio
V.Fernandes

domingo, 25 de outubro de 2009

Boerboel

A grande paixão de minha infância, aliás, de toda a minha vida, são os cães. Acho que esse amor é a única coisa constante de que posso me lembrar.
Durante a infância, passei muito tempo estudando livros sobre cães e, sem falsa modéstia, houve um tempo em que eu tive um invejável conhecimento sobre raças. Ainda hoje sei bem mais que a maioria das pessoas. Atualmente não tenho mais tempo para estudar o tema como gostaria mas, sempre que posso, procuro me interar sobre as novidades do mundo cinológico.
Sempre tive uma certa sensibilidade em identificar os traços marcantes de cada raça, sendo capaz inclusive de reconhecer as feições de cada uma nos mestiços.
Ainda guardo no espírito aquele orgulho contido quando vejo um cão e identifico a raça, principalmente quando é um exemplar pouco comum. E ainda me sinto frustrada quando olho para um cão e não reconheço sua raça.
Isso aconteceu hoje. Estava assistindo ao programa do Cesar Millan, e apareceu aquele cão, de nome Nasir. Minha primeira impressão foi de arrebatamento - que belo animal! Então pensei: mastiff. Mas quando olhei de novo; não, não é. Algo na aparência daquele cão me dizia que ele não era um mastiff... Uma segunda olhada e pensei, mas sem qualquer convicção: bullmastiff?
Era um molosso poderoso, um cão maravilhoso, um verdadeiro gladiador, mas apesar de uma grande semelhança com os mastiffs, alguma coisa naquele cão era diferente... Então a legenda do programa mostrou que aquele cão era um boerboel.
Obviamente, foi uma questão de sair da sala e correr para o PC para pesquisar que raça é essa. Então descobri que é uma raça registrada pela África do Sul, desenvolvida para a guarda de propriedades e para caçar leões e elefantes.
Tendo sido a África do Sul colonizada por ingleses, não é de se surpreender que a aparência remeta aos molossos britânicos, o mastiff e o bullmastiff. Mas, ainda assim, o boerboel traz em sua conformação traços característicos, sutis, que o distinguem dos primos europeus.
Certamente, um belo animal.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Quote XXXVII

Nunca deposite a sua felicidade naquilo que voce possui. O que acontecerá se você perder tudo? Ficará muito infeliz!
Melhor é ter a felicidade como um estado de espírito, independente dos bens materiais. Isso ninguém pode lhe tirar.
Orlando Ferraz

sexta-feira, 24 de julho de 2009

John Cage

John Cage é o troubled advogado interpretado por Peter MacNicol na série Ally McBeal.
Sobre ele, já foi dito que é uma arma silenciosa, mas letal, porque ninguém é capaz de antever como aquele strange little man pode ser um litigante sagaz e imbatível.
John Cage utiliza uma estratégia que consiste, basicamente, em distrair a atenção do júri dos argumentos de seus oponentes, aliada à busca da simpatia dos jurados por meio de um diálogo no qual partilha os mais íntimos sentimentos humanos.
Em seus argumentos, conduz a narrativa e faz com que os jurados repitam a idéia que neles pretende incutir, finalizando com a bela frase - this juri please me.
Desconsertante e eficiente. Este é John Cage.

Jack McCoy

John James 'Jack' McCoy é personagem interpretado pelo ator Sam Waterston na série Law & Order, desde 1994.
Para mim, Jack McCoy é a imagem do Ministério Público. Sobre ele, costumo dizer que posso não concordar sempre com suas opiniões, mas tenho certeza de que é o homem certo para o serviço.
Com uma visão muito clara sobre o que é o Estado soberano, os argumentos de McCoy têm o claro objetivo de garantir a segurança pública e a paz social.
Definitivamente, o homem certo no lugar certo!

Alan Shore

Alan Shore é personagem da série Boston Legal (no Brasil, Justiça Sem Limites), interpretado por James Spader.
Costumo dizer que o Alan é o advogado que eu quero ser quando crescer. Extremamente inteligente, capaz de falar sobre qualquer assunto, completamente ciente da realidade do mundo moderno.
Como bom democrata que é, Alan é defensor das minorias, protetor do meio ambiente, milita contra os conflitos armados, é a favor do desarmamento.
É considerado um advogado antiético devido aos métodos muitas vezes questionáveis que usa para ajudar seus clientes. Por outro lado, Alan parece ser capaz de ajudar seus clientes e colegas advogados como ninguém, principalmente devido a sua aparente falta de medo quanto às conseqüências por suas ações ilegais. Entretanto, sua extremada inteligência e o fato de ser muito bem-informado, o ajudam imensamente em seu ofício.
Sua estratégia usual em um tribunal envolve identificar os problemas subliminares da sociedade que colocam seus clientes contra a lei e articulá-los para criar simpatia com o júri, o que frequentemente lhe garante vereditos favoráveis.
E, sempre, seus encerramentos são o ponto alto dos episódios!
Ladies and gentleman, mr. Alan Shore.

Advogados na TV

Passei boa parte da minha vida diante da TV. Sou cria dos seriados americanos, não nego. Costumo mesmo dizer que fui criada na ponte da Enterprise. Não me envergonho de assumir que as séries de TV tiveram ampla participação na formação da minha personalidade e do meu caráter.
Nos últimos tempos, por óbvio, tenho assistido a muitas séries que enfocam escritórios de advocacia. Algumas sérias, outras grandes comédias. Porém, em todas elas, há advogados que me encantam por sua eloqüência.
Costuma-se dizer que o Direito é a arte da palavra. Todos nos encantamos com os belos discursos proferidos pelos advogados do cinema. É quase um choque descobrir que no Brasil o discurso é quase que apenas escrito, quando nos EUA, o sistema anglo-saxão permite a esses profissionais o verdadeiro exercício da oratória, fazendo com que razão e emoção produzam belos discursos.
Talvez seja por isso que não se produz filmes sobre advogados no Brasil...
Pois é justamente esse belo uso do léxico que me encanta, e é por causa destes personagens que assisto a várias séries - às vezes, apenas para ouvir seus encerramentos!
Colocarei alguns aqui, uma humilde homenagem aos reis do verbo.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Procura...


Procuro uma coisa que não tem nome. Já a encontrei na água de algumas corredeiras, no topo e na encosta de certas montanhas, nas nuvens de alguns ares, no mato fechado que guarda alguns vales. Já a encontrei várias e várias vezes - só não encontrei seu nome. Volterei à água, ao ar, à terra, voltarei até descobrir.

Eu...

Viviane Fernandes
Sou essa pessoa apaixonada pela Vida, em sua forma mais simples e na mais complexa.
Porque o complexo é feito do simples, eu sou apaixonada pelo tudo, e também pelo nada.
Eu sou essa pessoa que vive a plenitude, e que sabe que a felicidade mora dentro de mim.
Sou essa pessoa que sabe que o mundo é o reflexo daquilo que sou, e por isso sou apaixonada pela Vida, em todos os seus aspectos, o simples e o complexo, o tudo e o nada.
Eu sou aquela pessoa que você encontra pelas ruas, sorrindo sem motivo aparente, um sorriso que você jamais vai entender o porquê.
Sou essa pessoa que crê na beleza, que acredita que o mais belo é o mais simples, porque simples e complexo andam de mãos dadas.
Sou essa pessoa que aceita a tristeza, porque sabe que não se pode ser feliz sempre; mas que também sabe que a tristeza tem fim.
Sou essa pessoa que cultiva o Sol, que ama o brilho e o calor, mas que também ama as noites, e que ama as chuvas e o frio; porque nada é eterno, e tudo tem que se modificar.
E, na verdade, sou essa pessoa especial, mas que não tem nada de especial, porque sou essa pessoa igual a todo mundo e, ao mesmo tempo, diferente de todo mundo, porque é assim que somos todos.

Precisa-se de um Amigo

Vinícius de Morais
Não precisa ser homem, basta ser humano,
Basta ter sentimento, basta ter coração.
Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir.
Tem que gostar de poesia, da madrugada,
De pássaros, de sol, da lua, do canto dos ventos e das canções da brisa.
Deve ter Amor, um grande amor por alguém, ou então
Sentir falta de não ter este amor.
Deve amar o próximo e respeitar a dor
Que os passantes levam consigo.
Deve guardar segredo sem se sacrificar.
Não é preciso que seja de primeira mão,
Nem imprescindível que seja de segunda mão
Pode já ter sido enganado,
Pois todos os amigos são enganados.
Não é preciso que seja puro, nem que seja de todo impuro,
Mas não deve ser vulgar.
Deve ter um Ideal e medo de perdê-lo,
E no caso de assim não ser,
Deve sentir o grande vazio que tudo isso deixa.
Tem que ter ressonância humana,
Seu principal objetivo deve ser o do amigo.
Deve sentir pena das pessoas tristes
E compreender o imenso vazio dos solitários.
Deve gostar de crianças
E lamentar as que não puderam nascer.
Procura-se um amigo,
Para gostar dos mesmos gostos,
Que se comova quando chamado de Amigo.
Que saiba conversar as coisas simples,
De orvalhos, de grandes chuvas
E das recordações de infância.
Precisa-se de um amigos,
Para não enlouquecer, para contar
O que viu de belo e triste durante o dia,
Dos anseios e das realizações,
Dos sonhos e da realidade.
Deve gostar de ruas desertas, de poças de água
E de caminhos molhados, da beira da estrada,
Do mato depois da chuva, de se deitar no capim.
Precisa-se de um amigo,
Que diga que vale a pena viver
Não porque a vida é bela,
Mas por que já se tem um Amigo.
Precisa-se de um amigo,
Para se parar de chorar.
Para não se viver debruçado no passado
Em busca de memórias perdidas.
Que bata nos ombros sorrindo e chorando,
Mas que nos chame de amigo,
Para se ter a consciência de que ainda se vive.

Manual das mulheres bem resolvidas

Essa eu tirei de uma comunidade do orkut, achei o máximo!
Manual das mulheres bem resolvidas

-1º-
Se ele se interessou, ele liga!!!!
É isso mesmo, quando o cara quer, não tem projeto importante, morte da tia ou trânsito maluco que o impeça de te convidar pra sair.

-2º-
Passou uma semana sem ouvir notícias dele?
Esquece, parte para outra!
Ligar para saber se tá tudo bem, nem pensar!
Homem que tá perdido merece ser encontrado morto no apartamento, e pelo zelador do prédio, porque os vizinhos não agüentam mais o fedor de carniça...

-3º-
Vocês saíram e ele não ligou mais.
Foi porque você cedeu? Ou foi porque você não cedeu?
Na verdade, pouco importa.
Se o que ele estava a fim era de sexo, e rolou, ótimo! Sexo é que nem pizza: bom-até-quando-é-ruim...
Mas se você não cedeu, ele provavelmente não te procurou mais porque achou que ia dar muito trabalho.
Ou seja, pare de se atormentar porque transou ou não!!!
Duas lições:
Dar uma de difícil depois de uma certa idade já era!!!
Ridículo é fazer tipinho!!!
E além do mais você vai se arrepender de ter cedido e de não ter cedido...

-4º
-
Homens Comprometidos - diga não!!!
A relação dele tá em crise, péssima, só falta oficializar o fim??? Ótimo!
Se ele quiser continuar infeliz, dane-se!
Senão, ele termina de uma vez e depois te procura, combinado?

-5º-
Ouviu aquela clássica: "você é boa demais pra mim"...
Acredite, amiga! É mesmo!!!
Descarte o cidadão e pare de bancar a Madre Tereza de Calcutá!

-6º-
Não tente...
Não dá pra namorar um cara pelo qual você não tem um mínimo de admiração.

-7º-
Traição...
Não continue com um cara que te chifrou se você não agüentar a onda de ser traída de novo.
E olho vivo se ele já foi infiel com outras.
A gente sempre acha que com a gente vai ser diferente...
Esqueça!!! Nunca é!!!

E atenção! A "Fila Anda"!!!
Pior do que nunca achar o homem certo, é viver pra sempre com o homem errado.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Férias...

Viviane Fernandes
Tire de um viciado a sua droga e ele ficará completamente perdido...
Pois é exatamente assim que eu me sinto nas férias - perdida!
Todo semestre eu faço planos de estudar, rever a matéria já lecionada, adiantar a leitura para o próximo semestre... Mas a verdade é que gasto metade das minhas férias com qualquer outra coisa. Acho mesmo que o cérebro fica num estado de geléia, e precisa de um descanso para retornar à forma.
E, por descanso, entenda coisas absolutamente idiotas. E foi assim que hoje acabei em um site esotérico, zapeando por horóscopos alternativos. Não que eu acredite nisso. Na verdade, não acredito nem deixo de acreditar, essa coisa não norteia a minha vida. Porém, de vez em quando eu gosto de brincar, até para tentar entender o que algumas pessoas vêem de tão especial nisso.
E foi justamente em um destes sites que vi a informação de que a flor referente ao signo de Touro é a papoula. Em outro, em um certo horóscopo das flores, descobri que o meu signo é representado pela flor do hibiscus.
Particularmente, fiquei chateada, porque acho essas flores muito sem graça. Não que eu seja amante das rosas... Pessoalmente, penso que são muito extravagantes, com todo aquele arranjo das pétalas; são lindas, sim, mas pedantes.
Eu sou apaixonada pelas bromélias. São rústicas, selvagens, espinhosas, inóspitas. Além disso, minha fruta preferida no mundo é uma bromélia.
No entanto, em termos de flores, admiro a beleza, o erotismo e a complexidade das orquídeas.
Mas, voltando às papoulas e aos hibiscus, a curiosidade fez com que eu procurasse coisas sobre eles.
Uma singularidade acerca das papoulas é que ela é associada a algumas divindades gregas, tais como Hipnos, deus do sono; Nix, deusa das trevas. Além disso, é a partir da flor da papoula que se produz o ópio e a morfina.
Já com relação ao hibisco, aparentemente o chá produzido a partir dos cálices de suas flores tem propriedades dietéticas, promovendo a redução de gordura, regularizando o funcionamento do intestino e combatendo a retenção de líquidos.
Nada disso me convenceu. Continuo apaixonada pela rusticidade das bromélias e pela complexidade das orquídeas. Afinal, o amor verdadeiro não se corrompe, não é mesmo?

terça-feira, 14 de julho de 2009

Happy is easy...

Elaine: I've never spent an un-lonely day in my life.
John: But you always seem so happy.
Elaine: Well, happy is easy. You act happy; people see you as happy and you see yourself through their eyes: you feel happy. It doesn't work for lonely... but happy is easy.

domingo, 12 de abril de 2009

Maus tratos a animais também são crime ambiental

Por Daphnis Citti de Lauro


O problema de animais em apartamentos sempre foi bastante debatido, seja quanto à proibição de mantê-los nas unidades, ao barulho que produzem ou ao perigo que alguns oferecem aos moradores.
Há outro aspecto a ser abordado, entretanto, pouco discutido, principalmente com relação a cães, que deve ser levantado: trata-se dos maus tratos dispensados a eles.
As pessoas se encantam e compram filhotes de cães, levando-os para os condomínios, sem considerar antes a raça, o quanto vão crescer e a necessidade de correrem, de gastarem as energias.
Não são poucos os moradores de condomínios que viajam nos finais de semana ou trabalham o dia inteiro, deixando de levar em consideração que os cães são animais próprios para a vida em comunidade, totalmente dependentes do homem. Não se acostumam a ficar sozinhos dias ou finais de semana inteiros, na maioria das vezes.
Por essa razão, são freqüentes as reclamações de vizinhos sobre latidos e uivos durante todo o dia, ou aos sábados e domingos, porque os animais são deixados sem qualquer companhia e, muitas vezes, sem água nem comida.
Há casos piores, de donos de cachorros que depois do encantamento inicial, maltratam os animais ou livram-se deles, soltando-os nas ruas, longe de casa.
Os síndicos — como representantes legais do condomínio — ao receberem queixas de latidos e uivos de cães, devem procurar saber se estão sendo mantidos sós, trancafiados nas unidades, e se é por isso que fazem tanto barulho.
Nessa hipótese, têm eles o dever de comunicar as autoridades policiais, tanto para proteger os animais, como para coibir o barulho que eles fazem ao serem largados sozinhos, com fome ou com sede.
É importante saber que para isso existe a denominada "Lei de Crimes Ambientais", a Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, que dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Os maus tratos aos animais domésticos, também são considerados crime ambiental.
Essa lei, em seu artigo 32, prevê detenção de três meses a um ano, e multa, para quem "praticar ato de abuso, maus tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos".
Daphnis Citti de Lauro é advogado; sócio da Advocacia Daphnis Citti de Lauro e da Citti Assessoria Imobiliária; e autor do livro *Condomínio: conheça seus problemas*.

domingo, 5 de abril de 2009

Quote XXXVI

"Eu enfrentei um processo de autodestruição durante mais de dez anos. Minha mulher me deixou, a carreira acabou, não tinha um tostão. Mas os cachorros estavam ao meu lado quando ninguém mais estava".
Mickey Rourke

domingo, 18 de janeiro de 2009

Sobre os meus cães

Viviane Fernandes
Desde que me lembro, eu amo os cães... Desde então, tive e tenho a felicidade de ter tido alguns cães em minha vida.
A primeira delas foi a Diana. Uma mestiça de pêlo curto, black & tan, que entrou na minha vida meio que por acaso. Uma verdadeira lady! Silenciosa, educada, limpa... Aprendi muito com ela. Aprendi, principalmente, que o pior que se pode fazer com um cão é privá-lo da convivência com seus iguais, longe de uma matilha canina. Não sei se a Diana foi feliz... Sei que a amei - ainda a amo - e jamais esqueço tudo aquilo que aprendi com ela.
Logo que a Di foi pra Lua, em setembro de 1993, o Leão veio integrar a nossa família. Ficou sozinho conosco por cerca de 1 mês, e aí chegou também o Cronus.
O Leão era um belo e dourado cão de pêlos longos que não tinha dono, perambulava pelo trabalho de meu pai, que o adotou em meio à dor de saudade da Di. Não sabíamos sua história, não sabíamos sua idade, sabíamos apenas que tinha algumas tendências agressivas; mas o adotamos mesmo assim. Foi um excelente Amigo, um defensor irascível e incansável de nossa família.
O Cronus chegou para nós com 45 dias de idade. Era um belo filhote de dobermann, cuja cabecinha ainda parecia uma maçãzinha, os coxins das patas ainda tinham aquela textura de borracha e o cheirinho de polvilho, típicos dos filhotes que ainda não começaram a explorar o mundo.
Leão e Cronus não podiam ser mais diferentes um do outro. E o início da convivência entre eles foi um tanto difícil. Leão tinha acabado de nos adotar como sua família e não estava inclinado a aceitar um pirralho novo na casa. Porém, passados poucos dias, ele percebeu que o moleque estava ali para ficar, e que seria bem menos desgastante para todos ficar amigo dele. E foi uma bela amizade, apesar dos agouros negativos de todos, que insistiam em prever que Cronus iria crescer e matar o Leão. Jamais estiveram tão errados! Não só foram amigos por toda suas vidas, como também Cronus sempre respeitou o Leão, dando-lhe inclusive prioridade de passagem, prioridade na vasilha de água, prioridade na vasilha de comida, demonstrando uma educação que não costumamos ver entre os humanos. Jamais brigaram, comiam juntos, andavam juntos, dormiam juntos... Leão e Cronus formaram então a sua matilha - a minha primeira matilha.
Em 2001, Leão já estava bem velho, e Cronus tinha 8 anos e, seguramente, pesava mais de 30kg. Em setembro daquele ano adotei a Sunny, uma pequena mestiça de poodle com qualquer coisa que, naquela época, devia pesar um 3kg, se tanto... Sunny veio de uma casa em que havia vários cães, de diferentes reças e tamanhos. Nasceu e cresceu cercada deles e, portanto, jamais se intimidou pelo fato de aquele cara ser bem maior e mais pesado que ela. Creio que foi amor à primeira vista - o Cronus simplesmente se apaixonou pela Sunny - aliás, como todos nós. Vivia atrás dela e era hilário ver aquela bolinha de pêlos sendo seguida de perto pelo nariz do imenso dobermann, de um lado para outro! Sunny passou então a integrar aquela matilha sem qualquer oposição.
Quanto ao Leão, ela tentava, de todas as formas, chamar sua atenção... Mas creio que ele estava velho demais para agüentar a energia daquela filhotinha, então não lhe dava muita bola, porém sem rejeitá-la ou excluí-la. De fato, ele nos deixou em agosto de 2002. Outro querido Amigo que foi pra Lua e nos deixou com a dor da saudade...
Em setembro de 2002, veio a Drica. Uma imensa filhote de schnauzer que chegou lá em casa com 83 dias e uns 5kg - uma monstrinha. Com pouco mais de 2 meses, a Drica pesava quase tanto quanto a Sunny! E aqui, reservo um comentário: quando Drica veio pra casa, tive receio da reação da Sunny, quer dizer, como ela iria reagir à presença da filhote. Mas a Sunny me surpreendeu, adotando imediatamente a Drica como parte da matilha, passou a tratá-la imediatamente como a uma filha ou a uma irmã. E assim formou-se a matilha Cronus-Sunny-Drica.
Em 2005 Cronus tinha 12 anos, Sunny tinha 4 anos, a Drica casou, e teve 7 bebês, dos quais acabei ficando com duas cadelinhas, Carina e Chewie. Pode parecer inconcebível para alguns, mas o Cronus simplesmente tolerou os filhotes com uma calma que jamais é atribuída aos dobermanns. Tenho fotos dele cercado pelos filhotes por todos os lados! Aliás, se há uma palavra que sempre definiu Cronus é caráter - um verdadeiro gentleman!
E então minha matilha passou a ser formada por Cronus-Sunny-Drica-Carina-Chewie. E aqui relato uma das circunstâncias que mais me emocionaram em todos esses anos de convivência com os cães, não apenas com os meus, um acontecimento que me prova o quanto os cães são capazes de raciocínio e empatia, apesar de todas as controvérsias acerca disso.
Desnecessário dizer o quanto o Cronus estava envelhecendo. Com o passar dos anos ele foi acometido de vários problemas de saúde, dentre os quais uma displasia de joelho que o debilitou progressivamente, evoluindo para uma artrose crônica, em conseqüência da qual, além das fortes dores, desenvolveu uma grande dificuldade de levantar e permanecer de pé. Se o piso por onde caminhava não fosse áspero, ele escorregava e não mais conseguia levantar-se. Além disso, com os anos, desenvolveu incontinência urinária, como a maioria dos idosos, caninos ou humanos.
Então, em uma certa noite, ele se levantou para ir ao quintal fazer xixi - um parêntesis: meus cães sempre dormiram dentro de casa e sempre foram (e são) muito limpos. Porém, por causa da incontinência urinária, o Cronus fez xixi no corredor, que é de piso frio. Escorregou, caiu, não conseguia se levantar, e ficou ali, patinando na urina.
Uma das conseqüências de meus cães permanecerem à noite dentro de casa é que eles dormem a noite toda. Exceto quando ocorre alguma anormalidade próximo a minha porta ou ao portão, meus cães dormem a noite toda, não latem e não nos acordam.
Naquela noite, fui acordada pela Sunny, que sutilmente lambeu o meu nariz. Bom, meio que não acordei, mandei-a dormir, e virei para o outro lado. Logo depois, veio a Chewie, que também me acordou lambendo o meu nariz. Fiz com ela o mesmo que com a Sunny. Após, veio a Carina, mesma coisa. Depois voltou a Sunny. A essa altura, eu já estava acordada e me conscientizei de que alguma coisa tinha que estar errada. Foi quando ouvi... Patas, unhas arranhando o chão. Levantei e vi o Cronus caído na poça de urina, e só então percebi o que elas estavam fazendo. Estavam me acordando para que eu socorresse o Cronus. Não apenas elas perceberam que ele estava em dificuldade como foram buscar ajuda daquele membro da matilha que julgaram ser o adequado para resolver o problema. Sim, porque me considero líder de minha matilha. Além disso, agiram em conjunto, como uma verdadeira matilha!
Cronus foi pra Lua em 3 de outubro de 2008, então com 15 anos completos. Estava velho, cansado, desgastado. Foi um Amigo ímpar, do qual ainda sinto muitas saudades. Lembrar dele ainda doi muito, e ainda me faz chorar copiosamente - como agora...
Sunny, Drica, Carina e Chewie ainda estão comigo. Não sei por quanto tempo, mas sei que enquanto estivermos juntas, não existirá amor como o que eu sinto por elas, minha pequena matilha. Meus cães são o meu tudo, eu não existo sem eles. Não consigo imaginar como alguém pode pensar neles como objetos, é-me difícil aceitar o ordenamento jurídico brasileiro, segundo o qual os cães não são sujeitos de direitos, porque, da forma como eu vejo, eles são capazes de sentimentos e atitudes mais nobres que as de muitos seres humanos.
Enfim, levando em conta que há pouco mais de 1 século alguns povos eram considerados inferiores e desprividos de humanidade, resta-me a esperança de que, um dia, o homem vai respeitar os demais seres vivos, assim como, nas palavras de Leonardo Da Vinci:
"Chegará o dia em que os homens conhecerão o íntimo dos animais, e, neste dia, um crime contra um animal será considerado um crime contra a humanidade".