sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Te amo em sonhos

Toda minha vida esperei você
Inventando estórias sempre imaginei
Quanto tempo na memória eu te desenhei
Te amo em sonhos e é como um lindo amanhecer
Toda minha vida pude perceber
Que a verdade insiste em aparecer
Se as palavras forem ditas e se a gente crer
Te amo em sonhos e é como um livro bom de ler
Sei dos seus desejos e do seu prazer
Onde estão seus medos posso entender
Só o tempo sabe agora e como vai ser
Eu canto em sonhos pra teu sorriso merecer
Já não há motivos nada a temer
Olhe em sua volta e você vai ver
Que é aqui, chegou a hora pode aparecer
Eu amo, eu canto, eu sonho, eu vivo pra você
Almir Sater, Rodrigo Sater e Paulo Simões

Dark passenger

Gosto das pessoas complexas, dessas que carregam consigo um espírito confuso e obscuro.
Admiro as pessoas alegres, aquelas que sorriem todo o tempo e que chamam a atenção onde quer que estejam, mas adoro aquelas que buscam o silêncio, a solidão.
Há um quê de beleza nas almas atormentadas, naquelas que não olham para a superfície, mas para o âmago, buscando conhecimento nas entranhas da vida.
Sabendo que ignorância é uma bênção, estes sabem que jamais viverão esta fortuna.
Amo aqueles a quem preciso perscrutar, os que se mostram em camadas, cada qual em sua bela singularidade.
Amo as pessoas complexas, aquelas que instigam minha mente e meu coração, apresentando sua beleza, aos poucos...

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

As coisas são como são (ou 'e se' é um lugar que não existe)

Na mitologia nórdica existe a figura das fiandeiras, ou Nornas, três irmãs chamadas Urd, Verdandi e Skuld, que tecem o fio do destino, o wyrd, de todos os seres, sua sorte, o azar e a providência.
Embora se acreditasse na mutabilidade do destino, havia uma crença de que o destino do homem se submete ao que decretavam as Normas e, sendo deusas, em última análise, o wyrd submetia-se à vontade dos deuses.
Wyrd bið ful aræd
O destino é inexorável, e não se discute com a vontade dos deuses.
A tradição cristã trouxe a ilusão de que os deuses, ou deus, se importa com os homens. E, com essa ilusão, o eterno questonamento: porque isso acontece comigo?
Perguntamos constantemente como teriam sido as coisas se tivéssemos tomado outra decisão, ou se tivéssemos nascido em outra família, se vivessemos em outro lugar, se, se, se...
O fato é simples: os deuses não se importam com os homens, e nem com o destino da humanidade. Nem mesmo o deus cristão - uma leitura crítica ao Livro de Jó demonstra claramente a vaidade e a indiferença do deus cristão.
Se somos felizes ou se sofremos, nenhuma diferença faz aos deuses, que continuam sentados em seus tronos celestiais, exigindo adoração da humanidade, em troca de suas esmolas, traduzidas na forma de alguma ventura oferecida aos bem aventurados.
Aos homens, nada resta senão pedir pela benevolência das Nornas, e desejar que os fios de nossas vidas sejam tecidos sem nós ou imperfeições que nos afetem de forma irreparável.
A nós, cabe o wyrd que temos, ninguém vive o destino de outrem... De nada adianta tentar compreender a vida, porque não há qualquer entidade superior olhando por nós.
De nada adianta pedir respostas, porque os deuses apenas rirão de nossa aflição. Nada mais somos senão brinquedos destinados a divertir crianças mimadas.
A nós, resta apenas o caos, e a tarefa de tentar por alguma ordem no wyrd...

domingo, 26 de dezembro de 2010

Cinzel

Talvez com um cinzel eu consiga tirar você da minha mente...
Dia desses uma amiga disse que os homens se apaixonam pelo que vêem, e as mulheres, pelo que ouvem.
Deve ser verdade, e eu daria a alma para que você parasse de dizer as palavras certas...
Confiar, não confiar... Acreditar nas suas palavras, em você?!
Como eu gostaria, com um cinzel, tirar você do meu coração...
Deixei que isso fosse longe demais... Deixei que você impregnasse minha mente, meu coração, meus pensamentos...
Deixei que isso fosse longe de tal forma que não consigo mais deixar de pensar em você, como se você fosse real, como se estivéssemos habitando o mesmo espaço-tempo...
Gostaria de crer que você sairia do seu lado do espelho para me visitar aqui, do meu lado... Mas meu senso de realidade me impede de acreditar nessa possibiliade, e sigo meus dias pensando em você como se fosse real, como se estivesse ao alcance das minhas mãos, como se eu pudesse falar com você a qualquer momento...
Sigo meus dias desejando que você seja real...
V. Fernandes

Sobre o homem e o destino do Planeta

Eles levaram Malcolm para outro quarto do alojamento e o colocaram em uma cama limpa. Hammond pareceu ressuscitar, e andava de um lado para outro, animado.
- Pelo menos evitamos um desastre.
- Que desastre? - Malcolm perguntou, suspirando.
- Bem - Hammond disse. - Eles não fugiram daqui para conquistar o mundo.
Malcolm ergueu-se nos cotovelos.
- Estava preocupado com isso?
- Mas claro, isso representava o maior risco. Os animais poderiam destruir o planeta, são predadores ferozes - Hammond afirmou.
- Seu egomaníaco idiota - Malcolm retrucou furioso. - Tem alguma idéia do que está falando? Acha que pode destruir o planeta? Está intoxicado pelo poder. Não conseguiria destruir o planeta. Nem de longe.
- Muita gente acredita - Hammond argumentou -, que nosso planeta corre sério perigo.
- Bem, não corre - Malcolm contradisse.
- Todos os especialistas concordam que o planeta tem problemas. Malcolm suspirou de novo.
- Vou explicar algo sobre o nosso planeta. Ele tem quatro bilhões e meio de anos. Há vida aqui praticamente desde o início. Três vírgula oito milhões de anos, data da primeira bactéria. E mais tarde vieram os animais multicelulares, depois as primeiras criaturas complexas, no mar e na terra. Depois as grandes eras dos animais: dos anfíbios, dos dinossauros, dos mamíferos, cada uma durando milhões de anos. Grandes dinastias de criaturas surgiram, floresceram e desapareceram. Tudo isso ocorreu tendo como pano de fundo mudanças violentas, surgimento e erosão de grandes cadeias montanhosas, impacto de cometas, erupções vulcânicas, subida e descida de oceanos, movimento de continentes inteiros... Mudanças constantes e violentas... Mesmo hoje em dia, o maior acidente geográfico do planeta vem da colisão de dois continentes, que se espremeram, criando a cordilheira do Himalaia, há milhões de anos. O planeta sobreviveu a tudo. Certamente sobreviverá a nós. Hammond fechou a cara.
- Só porque durou muito tempo não quer dizer que seja permanente. Se um acidente radioativo...
- Suponha que aconteça isso - Malcolm disse. - Vamos dizer que seja sério, e que todas as plantas e animais morram, e que a terra se aqueça insuportavelmente durante cem mil anos. A vida sobreviverá em algum ponto, sob o solo, ou talvez congelada no gelo ártico. E, depois de muitos anos, o planeta não será mais inóspito, e a vida voltará a se espalhar por sua superfície. O processo da evolução recomeçará. Talvez demore alguns bilhões de anos para que a vida recupere sua variedade atual. E, claro, será muito diferente do que temos agora. Mas a Terra sobreviverá a nossas loucuras. Só nós não sobreviveremos...
- Bem, a camada de ozônio diminui... - Hammond começou.
- Aumentando os raios ultravioletas na superfície. E daí?
- Bem, causa câncer na pele. Malcolm balançou a cabeça.
- A radiação ultravioleta faz bem à vida. É uma poderosa forma de energia. Promove mutações, mudanças. Muitas formas de vida serão beneficiadas com o aumento dos raios ultravioletas.
- E muitas outras morrerão - Hammond teimou.
- Acha que é a primeira vez que isso acontece? Não sabe nada sobre o oxigênio?
- Sei que é necessário para a vida.
- Agora é - Malcolm disse. - Mas o oxigênio, na verdade, é um veneno para o metabolismo. Um gás corrosivo, como o flúor, usado para gravar no vidro. Quando o oxigênio começou a ser produzido, como subproduto das células de certas plantas, digamos, há uns três bilhões de anos, gerou uma crise para todas as formas de vida no planeta. As plantas poluíam a atmosfera com um veneno mortífero. Exalavam um gás letal, e aumentavam sua concentração. Um planeta como Vênus tem menos de um por cento de oxigênio. Na Terra, a concentração aumentava rapidamente, cinco, dez, até chegar a vinte e um por cento! A Terra tinha uma atmosfera carregada de veneno! Incompatível com a vida! Hammond parecia irritado.
- Então, aonde quer chegar? Acha que os poluentes atuais são importantes também?
- Não - Malcolm disse. - Quero dizer que a vida na Terra sabe cuidar de si. Na opinião dos seres humanos, cem anos é muito tempo. Há cem anos, não tínhamos carros, aviões, computadores ou vacinas... O mundo era muito diferente. Mas, para a Terra, cem anos não significam nada. Um milhão de anos não é nada. O planeta vive e respira em escala muito maior. Não conseguimos imaginar seu ritmo poderoso, nem temos a humildade necessária para tentar. Vivemos aqui há um piscar de olho. Se desaparecermos amanhã, a Terra não sentirá a nossa falta.
- E talvez aconteça isso mesmo - Hammond afirmou, cada vez mais bravo.
- Sim - Malcolm concordou. - Pode ser.
- Então o que quer dizer? Que não devemos ligar para o meio ambiente?
- Claro que não.
- Então o que sugere?
Malcolm tossiu, e seus olhos fitaram a distância.
- Vamos deixar algo bem claro. O planeta não corre perigo. Nós é que corremos perigo. Não temos poder para destruir o planeta, nem para salvá-lo. Mas talvez tenhamos o poder de salvar a nós mesmos.
CRICHTON, Michael. Parque dos Dinossauros.

Álcool...

Até que enfim acabou o Natal...
Acabou a necessidade de criatividade culinária, acabou a necessidade de tolerar aquela pessoa insuportável só porque é Natal e você não quer estragar a ceia.
Deixo essa lembrança para aquela que já se foi - tarde!
(Mas mão sem antes causar muito, muito dano!)
Não que eu pretendesse ser do contra, ou queira contrariar o poeta, mas essa coisa de thanks God it's Christmas não é pra mim!
Mas, confesso que nem de tudo foi em vão...
Esse ano aprendi mais uma coisa...
Aprendi o significado do álcool!
Cheguei à conclusão de que o álcool existe para que possamos suportar as reuniões de família!
Sim, porque, sem álcool, certamente não teria conseguido tolerar aquela insuportável voz a falar e falar e falar e falar...
Nossa... Nunca vi alguém que amasse tanto o som da própria voz!
E que viva o álcool!
V. Fernandes

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Vai com os anjos...

Mais uma amiga que foi pra Lua...
Vai com os anjos, vai em paz...

domingo, 12 de dezembro de 2010

Christ-mass

V. Fernandes
Nunca vi muito sentido no Natal... No geral, acho uma época tumultuada e quente. Fico vendo essas imagens invernais, e me sinto assaltada por uma saudade de vidas passadas - se é que realmente existem... Anseio por um Natal com neve, aguardando pela primeira geada do inverno...
O frio...
Qual o sentido do Natal no hemisfério sul, bem próximo ao solstício do verão? Calor, calor e calor...
Além disso, a falta de tradição natalina no Brasil é evidente. O que dizer de uma ceia formada por produtos típicos do inverno do norte? Bacalhau, castanha, nozes, vinho...
Por que não buscar uma refeição mais adequada ao verão, com frutas e comidas leves? Um suco, talvez... Nada de álcool...
Há quem justifique o Natal como um momento para o encontro das famílias, um período de confraternização... Só que o que realmente se vê é uma corrida insana para o consumo. Afinal, há de se aproveitar aquela verba extra que todo trabalhador recebe: o 13º salário, instituído pela lei como gratificação natalina. Não por acaso... Apenas mais um pretexto para enganar o povo e esquentar as vendas do comércio.
Ah, o brasileiro... Será que existe povo mais crédulo e ingênuo?
Como dizia Raul... Uma pena não ser burra...
Enfim... Ainda me resta a Coca-Cola!