domingo, 21 de fevereiro de 2010

Descompasso...

Encontrei esse texto hoje na net, e coincide exatamente com o que estou sentindo nos últimos dias:
-0-
Não sei como eu ainda fico abismado com a minha idiotice
Depois de tantos anos eu ainda não aprendi.
Toda vez que eu tiro a máscara
Invade-me a insegurança e acabo não errando apenas comigo
Mas com outras pessoas também (infelizmente).
Vivo fechando as portas que me trariam felicidade
Deveria eu ganhar um belo tapa na cara
Na verdade não, doeria menos do que agora
Não sei se terei outra oportunidade
Mas sei que resolvi redirecionar minha vida
Tenho que jogar muita coisa fora (eu por inteiro)
Sei que quem eu gostaria que lesse essas palavras
Nunca vai visualizá-las
E mesmo assim posto esse desabafo em vão
Wagner Diniz
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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Soliloquy

Ser ou não ser... Eis a questão.
Que é mais nobre para a alma: suportar os dardos e arremessos do fado sempre adverso, ou armar-se contra um mar de desventuras e dar-lhes fim tentando resistir-lhes?
Morrer... dormir... mais nada...
Imaginar que um sono põe remate aos sofrimentos do coração e aos golpes infinitos que constituem a natural herança da carne, é solução para almejar-se.
Morrer... dormir... dormir... Talvez sonhar...
É aí que bate o ponto. O não sabermos que sonhos poderá trazer o sono da morte, quando alfim desenrolarmos toda a meada mortal, nos põe suspensos. É essa idéia que torna verdadeira calamidade a vida assim tão longa. Pois quem suportaria o escárnio e os golpes do mundo, as injustiças dos mais fortes, os maus-tratos dos tolos, a agonia do amor não retribuído, as leis morosas, a implicância dos chefes e o desprezo da inépcia contra o mérito paciente, se estivesse em suas mãos obter sossego com um punhal? Que fardos levaria nesta vida cansada, a suar, gemendo, se não por temer algo após a morte - terra desconhecida de cujo âmbito jamais ninguém voltou - que nos inibe a vontade, fazendo que aceitemos os males conhecidos, sem buscarmos refúgio noutros males ignorados?
De todos faz covardes a consciência. Desta arte o natural frescor de nossa resolução definha sob a máscara do pensamento, e empresas momentosas se desviam da meta diante dessas reflexões, e até o nome de ação perdem.
William Shakespeare
Hamlet

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Jardim Botânico

Então...
Depois de anos, hoje resolvi visitar um Amigo, há muito esquecido: o Jardim Botânico.
Conforme vai se aproximando o fim da faculdade de Direito, e com ele a prova da Ordem, mais tenho sentido saudades da Biologia. Sei que não é do curso, porque, muito embora eu ame a Natureza, não pretendo voltar para a Biologia. Eu amo do Direito, e encontrei nele o meu nicho.
Acabei entendendo que o que me faz falta mesmo é o contato com a Natureza. Por isso, resolvi visitar meu velho Amigo.
Acordei, tomei banho, arrumei a mochila... Coloquei um livro dentro dela, Maria Berenice Dias... Talvez apenas para que não me sentisse tão culpada... Saí, nada falei para ninguém e, simplesmente, fui para o Jardim.
Cheguei com uma maravilhosa sensação de quietude; ao entrar, resolvi abandonar todos os meus medos e paranóias urbanas, e começar caminhando pelas trilhas. É só quando você se afasta de todos os ruídos humanos, e ouve seus próprios passos, que se dá conta de que sua presença deixa mesmo uma marca na Natureza.
Ao me afastar, percebi aqueles sons que há muito não ouvia: o farfalhar da passagem dos lagartos por entre as folhas, o canto dos pássaros, o murmúrio das águas... Sons belos e indistintos que me trouxeram uma paz que não mais sentia. Essa paz voltou ao meu espírito hoje, de tal forma que nem o calor carioca me incomodou. Esse estado mental de tranqüilidade era tão evidente que um beija-flor aproximou-se de uma flor que estava apenas a uns 30cm de mim.
Lá fui sozinha... Apenas eu e meu verde Amigo. Enquanto caminhava, lembrava das palavras de Nietzsche:

Odeio seguir alguém, como também conduzir.
Obedecer? Não! E governar, nunca!
Quem não se mete medo não consegue metê-lo a ninguém,
Somente aquele que o inspira é capaz de comandar.
Já detesto comandar a mim mesmo!
Gosto, como os animais, das florestas e dos mares,
De me perder durante um tempo,
Permanecer a sonhar num recanto encantador,
E forçar-me a regressar de longe ao meu lar,
Atrair-me a mim próprio... de volta para mim.

Não, as idéias de meu atormentado filósofo jamais me abandonam... Seguem comigo, como também me acompanham os pensamentos sobre a vida: passado, presente e futuro... Tudo o que faz de alguém quem é, aquilo que nos dá sentido à própria existência. Porque é nesse vazio que consigo me encontrar, descobrir quem eu sou, e do que realmente gosto.
V. Fernandes