Viviane Fernandes
Um amigo enviou-me trechos de uma entrevista que José Padilha, diretor do filme Tropa de Elite, concedeu para a Folha de São Paulo.
Honestamente, eu acho esse Padilha um hipócrita. Visivelmente, ele foi arroxado pelos amiguinhos usuários dele e agora está fazendo uma mea culpa.
Inclusive, o cara nem sabe o que diz. Comparar o Bope com a Swat só mostra o qto ele é um ignorane no assunto, pois são equipes com funções completamente diferentes.
Honestamente, tenho ouvido muito sobre a polícia, críticas aos policiais, acusações de tortura, alegações de que os policiais devem fazer faculdade... Mas ninguém está querendo dizer a única verdade: a polícia é violenta pois os criminosos são violentos. Que tal criticar os criminosos por torturarem a todos, por serem violentos e, por que não, mandar os criminosos para a faculdade?
Há alguns anos estive em uma cidade próxima a Blumenau. É uma cidade onde as pessoas se conhecem e respeitam, local em que as pessoas nem constroem muros ou portões em suas casas. Nessa ocasião, tive a oportunidade de conhecer duas delegacias de polícia: uma na própria cidade, Indaial, e outra delegacia na cidade vizinha, e digo, em todas as duas encontrei policiais educados e um ambiente extremamente agradável. Sabe por quê? Por um único motivo: nessas cidades não há criminalidade. Foi construída uma cadeia que só abriga bêbado, local onde são colocados para dormir e "esfriar a cabeça".
A polícia só sofre críticas por causa do discurso do vencedor que, em nosso caso, são as elites. As mesmas elites que querem "esquentar" suas festinhas com maconha, cocaína e extasi (nem sei como se escreve esse troço) e que, para conseguirem "desconto", têm que fazer amizade com os traficantes da vida. Afinal, os policiais prejudicam as festinhas das elites...
Vivemos numa sociedade em que a corrupção não encontra fronteiras. O pobre é tão corrupto quanto o rico, apenas com uma área de abrangência menor, porém com a mesma intenção criminosa, intenção esta que faz até com que o vilipendiado justifique as atitudes do vilipendiador: "se fosse eu, faria a mesma coisa".
Essa realidade gera um ódio social sem proporções. Aliás, eu diria que, em nossa sociedade urbana de grande porte, o preconceito social é até mais poderoso que o preconceito étnico. Aqui, não importa ser branco ou negro, importa ser rico ou pobre. Por isso, vemos com freqüência pessoas negras de classe mais abastada cercando-se de empregados fenotipicamente caucasianos. É o preconceito social casado com o preconceito ético: "a quem posso ofender mais".
Digo, fenotipicamente caucasiano pois a sociedade brasileira foi formada a partir de, parafraseando o poeta, "estupradores e ladrões". Criminosos portugueses foram para cá enviados e, na ausência de mulheres, estupraram negras e índias, as quais, aliás, deprezavam, por serem "raças inferiores". Um pérola do pensamento cristão do século XVI. Nesse contexo, somos obrigados a reconhecer que todos nós brasileiros somos mestiços, se é que consideramos que existe mais de uma raça humana.
Nossos colonizadores não vieram para cá objetivando constriur uma nação, e até hoje o brasileiro não se identifica como tal. Somos um monte de gente com um mesmo objetivo, sim: enriquecer e pisar na cabeça do vizinho.
A instituição polícia é apenas um peão neste tabuleiro. Uma vítima das políticas públicas que desmoralizam o pobre para jogar um manto que esconda a podridão do rico.
À polícia cabe representar o braço coercitivo do Estado, e ela apenas funciona quando existe um Estado. O que no Brasil não há. O Estado brasileiro não é soberano, condição básica para sua existência.
Em um país no qual os políticos não assumem qualquer compromisso com o povo que os elegeu, em que a única fidelidade determinada pelo STF é a partidária, fica a polícia e também a população à mercê de uma ditadura da esmola, já que o Estado não cumpre a sua função de suprir a população com educação e saúde. E, claro, o traficante aprendeu muito bem essa lição: vamos dar esmolas também. E cumpre muito bem este papel, concordo.
O único braço do Estado que sobe o morro é a polícia. A mesma polícia que é armada belicamente e cuja função é fazer cumprir "a lei e a ordem". Policial não tem a função de ser bonzinho. Ao pegar em armas, o sujeito é treinado para uma única realidade: matar ou morrer. Nesse contexto, o erro não é a polícia, mas de toda uma política que age nesse sentido.
Tropa de Elite, o filme, trata sim da visão do policial. O filme tem o mérito de, pela primeira vez no Brasil, tratar o lado da maior vítima da política pública deste país, este mesmo policial que leva tiro de bandido, é maltratado pela população e escorraçado pelo poder público.
Encerro por aqui, com algumas perguntas:
Qual é a polícia que a sociedade quer?
Quem são os políticos que a sociedade quer?
Será que a sociedade está preparada para viver em um verdadeiro Estado de Direito?
Inclusive, o cara nem sabe o que diz. Comparar o Bope com a Swat só mostra o qto ele é um ignorane no assunto, pois são equipes com funções completamente diferentes.
Honestamente, tenho ouvido muito sobre a polícia, críticas aos policiais, acusações de tortura, alegações de que os policiais devem fazer faculdade... Mas ninguém está querendo dizer a única verdade: a polícia é violenta pois os criminosos são violentos. Que tal criticar os criminosos por torturarem a todos, por serem violentos e, por que não, mandar os criminosos para a faculdade?
Há alguns anos estive em uma cidade próxima a Blumenau. É uma cidade onde as pessoas se conhecem e respeitam, local em que as pessoas nem constroem muros ou portões em suas casas. Nessa ocasião, tive a oportunidade de conhecer duas delegacias de polícia: uma na própria cidade, Indaial, e outra delegacia na cidade vizinha, e digo, em todas as duas encontrei policiais educados e um ambiente extremamente agradável. Sabe por quê? Por um único motivo: nessas cidades não há criminalidade. Foi construída uma cadeia que só abriga bêbado, local onde são colocados para dormir e "esfriar a cabeça".
A polícia só sofre críticas por causa do discurso do vencedor que, em nosso caso, são as elites. As mesmas elites que querem "esquentar" suas festinhas com maconha, cocaína e extasi (nem sei como se escreve esse troço) e que, para conseguirem "desconto", têm que fazer amizade com os traficantes da vida. Afinal, os policiais prejudicam as festinhas das elites...
Vivemos numa sociedade em que a corrupção não encontra fronteiras. O pobre é tão corrupto quanto o rico, apenas com uma área de abrangência menor, porém com a mesma intenção criminosa, intenção esta que faz até com que o vilipendiado justifique as atitudes do vilipendiador: "se fosse eu, faria a mesma coisa".
Essa realidade gera um ódio social sem proporções. Aliás, eu diria que, em nossa sociedade urbana de grande porte, o preconceito social é até mais poderoso que o preconceito étnico. Aqui, não importa ser branco ou negro, importa ser rico ou pobre. Por isso, vemos com freqüência pessoas negras de classe mais abastada cercando-se de empregados fenotipicamente caucasianos. É o preconceito social casado com o preconceito ético: "a quem posso ofender mais".
Digo, fenotipicamente caucasiano pois a sociedade brasileira foi formada a partir de, parafraseando o poeta, "estupradores e ladrões". Criminosos portugueses foram para cá enviados e, na ausência de mulheres, estupraram negras e índias, as quais, aliás, deprezavam, por serem "raças inferiores". Um pérola do pensamento cristão do século XVI. Nesse contexo, somos obrigados a reconhecer que todos nós brasileiros somos mestiços, se é que consideramos que existe mais de uma raça humana.
Nossos colonizadores não vieram para cá objetivando constriur uma nação, e até hoje o brasileiro não se identifica como tal. Somos um monte de gente com um mesmo objetivo, sim: enriquecer e pisar na cabeça do vizinho.
A instituição polícia é apenas um peão neste tabuleiro. Uma vítima das políticas públicas que desmoralizam o pobre para jogar um manto que esconda a podridão do rico.
À polícia cabe representar o braço coercitivo do Estado, e ela apenas funciona quando existe um Estado. O que no Brasil não há. O Estado brasileiro não é soberano, condição básica para sua existência.
Em um país no qual os políticos não assumem qualquer compromisso com o povo que os elegeu, em que a única fidelidade determinada pelo STF é a partidária, fica a polícia e também a população à mercê de uma ditadura da esmola, já que o Estado não cumpre a sua função de suprir a população com educação e saúde. E, claro, o traficante aprendeu muito bem essa lição: vamos dar esmolas também. E cumpre muito bem este papel, concordo.
O único braço do Estado que sobe o morro é a polícia. A mesma polícia que é armada belicamente e cuja função é fazer cumprir "a lei e a ordem". Policial não tem a função de ser bonzinho. Ao pegar em armas, o sujeito é treinado para uma única realidade: matar ou morrer. Nesse contexto, o erro não é a polícia, mas de toda uma política que age nesse sentido.
Tropa de Elite, o filme, trata sim da visão do policial. O filme tem o mérito de, pela primeira vez no Brasil, tratar o lado da maior vítima da política pública deste país, este mesmo policial que leva tiro de bandido, é maltratado pela população e escorraçado pelo poder público.
Encerro por aqui, com algumas perguntas:
Qual é a polícia que a sociedade quer?
Quem são os políticos que a sociedade quer?
Será que a sociedade está preparada para viver em um verdadeiro Estado de Direito?
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