Na mitologia nórdica existe a figura das fiandeiras, ou Nornas, três irmãs chamadas Urd, Verdandi e Skuld, que tecem o fio do destino, o wyrd, de todos os seres, sua sorte, o azar e a providência. Embora se acreditasse na mutabilidade do destino, havia uma crença de que o destino do homem se submete ao que decretavam as Normas e, sendo deusas, em última análise, o wyrd submetia-se à vontade dos deuses.
Wyrd bið ful aræd
O destino é inexorável, e não se discute com a vontade dos deuses.
A tradição cristã trouxe a ilusão de que os deuses, ou deus, se importa com os homens. E, com essa ilusão, o eterno questonamento: porque isso acontece comigo?
Perguntamos constantemente como teriam sido as coisas se tivéssemos tomado outra decisão, ou se tivéssemos nascido em outra família, se vivessemos em outro lugar, se, se, se...
O fato é simples: os deuses não se importam com os homens, e nem com o destino da humanidade. Nem mesmo o deus cristão - uma leitura crítica ao Livro de Jó demonstra claramente a vaidade e a indiferença do deus cristão.
Se somos felizes ou se sofremos, nenhuma diferença faz aos deuses, que continuam sentados em seus tronos celestiais, exigindo adoração da humanidade, em troca de suas esmolas, traduzidas na forma de alguma ventura oferecida aos bem aventurados.
Aos homens, nada resta senão pedir pela benevolência das Nornas, e desejar que os fios de nossas vidas sejam tecidos sem nós ou imperfeições que nos afetem de forma irreparável.
A nós, cabe o wyrd que temos, ninguém vive o destino de outrem... De nada adianta tentar compreender a vida, porque não há qualquer entidade superior olhando por nós.
De nada adianta pedir respostas, porque os deuses apenas rirão de nossa aflição. Nada mais somos senão brinquedos destinados a divertir crianças mimadas.
A nós, resta apenas o caos, e a tarefa de tentar por alguma ordem no wyrd...