domingo, 3 de fevereiro de 2008

Carro 'verde'

Viviane Fernandes
As notícias mais recentes sobre a questão do aquecimento global estão provocando, em todos os segmentos da sociedade, uma exacerbada preocupação acerca do futuro do planeta e, conseqüentemente, sobre o destino da humanidade.
Previsões mais fatalistas proclamam que o efeito estufa irá provocar o degelo das calotas polares, o que terá, como efeito, o aumento do nível dos oceanos, provocando a inundação de cidades localizadas em áreas costeiras. Este aumento das temperaturas globais influenciará também toda biota, uma vez que todos os seres vivos do planeta terão que se adaptar a um diferente padrão climático.
De uma forma simplista, o aumento da temperatura têm sido associado à degradação da camada de ozônio. Nesse contexto, os veículos movidos a combustíveis derivados do petróleo vêm sendo apontados como grandes vilões, além dos refugos poluentes emitidos pelas indústrias e os gases emanados pelas fezes do gado bovino.
Quanto às fezes do gado, a não ser que o homem provoque a extinção de mais uma espécie, não há muito a ser feito. A carne bovina, bem como o leite e seus derivados, ainda figura como importante fonte alimentar.
Algumas indústrias já vêm assumindo sua responsabilidade social e estão tomando a iniciativa de diminuir a emissão de gases poluentes, por meio de mudanças em suas linhas de produção, adotando o conceito de carbono neutro (
http://www.carbononeutro.com.br/).
Quanto à indústria automobilística, a moda agora é o carro ‘verde’. Existe uma preocupação global das indústrias automobilísticas em produzir modelos viáveis de veículos automotores movidos a energia elétrica, mais limpa que os combustíveis derivados do petróleo ou da cana.
Apesar de parecer uma solução perfeita, esta solução requer um questionamento muito mais sério, principalmente no que tange à utilização deste tipo de tecnologia nos mais diversos países do mundo.
Um dos problemas mais relevantes diz respeito à própria produção da energia elétrica. No Brasil, a energia elétrica é produzida, em sua maior quantidade, pelo processo hidrelétrica. Por si só, este tipo de sistema provoca um imenso custo ambiental. A operação de uma hidrelétrica demanda a construção de uma enorme barragem e a inundação de extensas áreas, com a desapropriação de cidades inteiras. O custo ecológico envolve a necessidade de desenvolvimento de um projeto de resgate de fauna na região que, no entanto, não impede que inúmeros animais se afoguem com a subida das águas represadas. Isso, sem contar o custo para a flora da região. Morte é o preço do progresso.
Além disso, aqui já se fala, há alguns anos, em apagões elétricos. Os períodos de seca estão causando a diminuição dos reservatórios de água e a conseqüente redução da produção de energia elétrica. Com isso, o governo vem solicitando à população que consuma a energia elétrica de forma mais regrada. A implementação comercial de veículos movidos a eletricidade irá aumentar sensivelmente o consumo de energia elétrica.
Dessa forma, nenhuma solução é tão simples como parece. Em primeiro lugar, deve-se levar em conta de que não existem atalhos para o desenvolvimento. Cada passo deve ser dado de forma consciente e consistente. Não há soluções mágicas para a implementação de uma consciência ecológica, e toda e qualquer tecnologia, por melhor que possa parecer, deve ser pensada de forma racional, antes de ser empurrada como a solução de todos os problemas.

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