
Viviane Fernandes
Ontem fez um ano que os crocodilos choram, um ano que toda vida selvagem chora a partida de seu herói, nosso ídolo, seu maior guerreiro.
Passaram 360 dias e eu ainda não acredito. Ainda lembro das cenas do funeral; da Terri, a companheira, sempre tão alegre, sentada impassível ao fundo do camarote, como que a dizer “quero que isso tudo acabe”; do amigo de infância, Wes, o leal escudeiro, um de seus maiores patrimônios, com sua voz embargada na despedida; da família do Austrália Zôo, dos óculos escuros, a tristeza quase palpável na arquibancada; da solidez do pai, Bob, o patriarca nesse momento de dor; da força da filha, Bindi, herdeira da missão do nosso herói; o filho Bob, criança que jamais conhecerá seu pai como homem, apenas o mito...
“Meu pai é um herói”. Essa declaração não sai de minha cabeça...
Para os filhos, todo pai é um herói, porém, o pai da Bindi é um herói em todo o mundo! Será que essa menina tem idéia de toda a expectativa que é colocada sobre ela?
Esses 360 dias passaram diante da esperança de que tudo não fosse mais que uma das pratical jokes do Steve. Gostaria poder acordar e me dar conta de que tudo não passou de um pesadelo, um sonho ruim; sentar diante da Tv, ligar no Animal Planet e encontrá-lo, vivo e feliz, ouvir de novo seus comentários brincalhões... Mas a realidade cai sobre minha cabeça com um peso que terei que suportar. Terei que aprender a viver num mundo em que o Steve não está mais; um mundo sem heróis, um mundo frio e insensível, no qual as pessoas fazem suas fortunas e não se dão conta de que fazem parte de uma coisa maior: o planeta. O planeta que Steve tanto amou e pelo qual tanto fez...
Talvez nós não o merecêssemos... Talvez tenhamos que sentir essa dor apunhalando nossos corações, dia após dia, para que sejamos capazes de compreender verdadeiramente tudo o que ele quis dizer... Talvez tenhamos que sofrer muito até que aprendamos de tudo o que ele tentou ensinar...
O Steve não era o “cara dos crocodilos”. Ele era pai, marido, filho, amigo. Era um homem digno, íntegro, honrado, ético, humilde. Ele detinha em si tantas qualidades... Ele devia ter defeitos, mas, quais?
O que esperar de um mundo que perde um homem assim?
Fico pensando... Se eu não o conheci pessoalmente e, após um ano, ainda me sinto assim, o que estará sendo daqueles que tiveram a honra de dividir suas vidas com ele? Como será trabalhar em um Australia Zoo sem a presença dele?
Temos tanto a aprender com Steve Irwin... Eu espero que a vida dele não tenha sido em vão, que cada um de nós consiga incorporar todas as suas qualidades, todo o seu ideal, e que sejamos capazes de torná-lo imortal, em nossos corações e também em nossas ações. Pois é esse o legado de Steve Irwin para o mundo; esse é o legado de Steve Irwin para cada um de nós.
Se não escutarmos sua mensagem, então, a vida dele terá sido em vão. Então, a morte dele terá sido mais do que um inestimável desperdício...
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