domingo, 30 de novembro de 2008

Heavy Metal

Viviane Fernandes
Fui criada no Heavy Metal. Tive uma adolescência muito diferente das meninas que conhecia, que ouviam Menudo ou outras dessas porcarias.
O Heavy Metal é, geralmente, muito mal visto. Concordo que o lema sex, drugs and rock'n roll não tem um apelo muito agradável, mas no HM é tudo atitude. Uma imagem vale mais que mil palavras, e o povo adora aparecer.
Mas a imagem não condiz necessariamente com os fatos. O pessoal que curte rock'n roll é geralmente tímido e conservador. Muitos adolescentes são verdadeiros nerds e usam o preto para, sei lá... Tentar desaparecer, ou para aparentar algo que não são - algo que não éramos...
Pois é... Como a maioria das pessoas, eu deixei de ouvir rock'n roll na idade adulta. Passei por uma grande dieta de música nacional, música tradicional brasileira... Enfim, foi um duradouro regime de musiquinha calminha, mansinha; nhém nhém nhém...
Não me levem a mal, eu ainda curto bastante música regional e MPB, mas...
Bom, no 5º período da faculdade de Direito, eu precisei de foco. Não que eu não soubesse o que queria, pois achei no Direito o meu nicho, mas precisava de algo que me desse foco. E encontrei no HM.
Faculdade é uma guerra. E você não vence uma guerra se não estiver focado na vitória. E não há nada mais deprimente que musiquinha nacional. Quer dizer, toda essa temática de sexo-fácil, carnaval, dor-de-cotovelo, sexo-vazio, dor-de-corno, festinha, beber-até-cair; nada disso ajuda a nortear a vida. Se você vai para a batalha pensando em derrota, certamente irá perder a guerra. E no HM não há espaço para o discurso da derrota.
Metal makes us strong
É uma frase simples, mas que lhe compele a lutar e, mais que isso, a lutar pela vitória! A derrota não é uma opção.
Faculdade é um ambiente que não deixa espaço para auto-piedade. Ou você entra no combate para vencer, ou irá assistir à sua turma se formar sem você.
Isso ficou muito claro na semana passada, quando ouvi de vários colegas esse discurso - não vou conseguir. Ora, se tem tanta certeza de que não vai conseguir, então de que vale tentar? É mais econômico ficar em casa, sentado diante da TV, assistindo a Sessão da Tarde. Certamente é mais barato, porque uma formação em nível superior no Brasil sai muito, muito cara!
O fato é que o discurso do HM é a oração do guerreiro. Por várias vezes fecho os olhos e me sinto como o arqueiro, que aponta sua flexa em direção ao alvo, e meu alvo é a conclusão do curso. O que vem depois disso? Meu caminho eu mesma vou traçar, aproveitando as oportunidades que aparecerem. Mas não é possível queimar etapas. Os atalhos nem sempre nos são úteis.
Então, vivo meus dias como o guerreiro que espera pela batalha, com a espada em punho e, nem na morte haverá derrota, porque aquele que morre lutando terá seu espírito conduzido pelas Valkirias para o Valhalla, o paraíso dos guerreiros.
Desistir não é uma opção!

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Manuel de Barros


Manuel de Barros
Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras fatigadas de informar.
Dou mais respeito às que vivem de barriga no chão, tipo água, pedra e sapo.
Entendo bem o sotaque das águas.
Dou respeito às coisas desimportantes e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim esse atraso de nascença.
Eu fui aparelhado para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal
É maior do que o mundo.

domingo, 26 de outubro de 2008

Pedra do Pontal

Viviane Fernandes
Quem me conhece sabe que não gosto de calor, não gosto de praia, não gosto de sol.
Porém...
Encontrei alguns amigos hoje. Amigos antigos, muito amados e muito queridos. Quando digo antigos, quero dizer que são amigos com quem compartilhei minha infância e adolescência. Amigos que foram, mais que tudo, irmãos. Amigos que, ainda hoje, apesar da distância, continuam sendo família.
Pois bem, nossas amizades surgiram e foram cristalizadas no Recreio dos Bandeirantes, à sombra da Pedra do Pontal. Ali havia um camping e, da forma como eu via, e como vejo, aquele lugar mais parecia uma vila, dessas em que famílias inteiras se reúnem. Éramos crianças e adolescentes de diversas idades, amigos cujos pais e mães eram, também, amigos. Crescemos, então, como família.
Nosso relacionamento foi coroado pelo Sol de Verão, pois era nessa estação do ano que mantínhamos mais contato. Passávamos os meses de verão em frente à praia. Ou melhor, passávamos o verão na praia. Éramos locais, vivíamos em grupo, cuidávamos dos menores, acordávamos no mesmo horário, almoçávamos no mesmo horário, íamos dormir no mesmo horário. Vivíamos na praia, nadávamos todos os dias, com chuva ou com sol; enfim, aproveitamos tudo o que pudemos.
Carpe diem.
Mas, crescemos. E a demanda da maturidade nos afastou. Não por que queríamos, mas por que precisávamos.
Hoje, meus amigos estão casados, têm filhos. Hoje, eles olham para seus filhos e gostariam que suas crianças tivessem o que tivemos. E, na impossibilidade de reproduzir todo aquele ambiente no qual fomos criados, surgiu a necessidade de retornar ao convívio.
Eu não gosto de calor. Eu não gosto de sol. Eu não gosto de praia. Entretanto, agradeço ao calor, ao Sol e à praia por uma infância maravilhosa, e agradeço ao Recreio por ter sido o cenário de amizades que, hoje sei, vou embalar pelo resto de minha vida.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

quarta-feira, 25 de junho de 2008

9mm: São Paulo

Viviane Fernandes
Estreou no dia 10 de junho de 2008 uma nova série da Fox - 9mm: São Paulo. É óbvio que uma série que fala sobre a polícia brasileira iria causar um certo frisson, então, conferi. A série é baseada em cinco personagens, todos policiais de uma delegacia de homicídios de São Paulo.
Horácio (Norival Rizzo) é investigador há 30 anos. Entrou para a força
policial em pleno regime militar e preserva hábitos autoritários. É silencioso, tem um humor ácido e por vezes age de forma bastante violenta. Sempre foi um solitário e estava acostumado a atuar sem a ajuda de ninguém, mas agora ele atravessa um momento de crise, uma vez que seus métodos de investigação da “velha guarda” não são aceitos por seus companheiros mais jovens, profissionais que tentam modernizar a instituição.
Eduardo (Luciano Quirino) é delegado de grande prestígio, considerado um jovem talento da nova polícia. Ele é um dos poucos delegados que possuem nível universitário e um mestrado em direitos humanos. Porém, apesar dos seus méritos pessoais e do cargo, muitas das conquistas de sua carreira estão relacionadas aos contatos de seu sogro, um renomado deputado. Este favoritismo entra em conflito permanente com a razão pela qual ele entrou para a instituição, que é transformar a polícia brasileira em uma instituição justa e transparente.
Luisa (Clarisse Kiste) é uma investigadora de 34 anos. Foi mãe solteira aos 15 anos, o que lhe trouxe um enorme senso de responsabilidade, mas também exigiu sacrifícios. Luisa é moralista, obsessiva, perfeccionista e se dedica ao trabalho como poucos. Porém, o fato de lidar diariamente com as injustiças do mundo a tornou uma mulher dura e exigente. Esta característica, que lhe permite atuar com eficiência em termos profissionais, constantemente gera conflitos com sua filha Dani, uma garota que ela não compreende e não sabe como lidar.
Tavares (Marcos Cesana) tem 38 anos e acaba de entrar para a polícia. Embora seja um homem da lei, conhece os praticantes de jogos ilegais, traficantes de drogas, ladrões de carros e tem um bom relacionamento com vários criminosos de seu bairro. Estes contatos lhe são indispensáveis, e não hesita em usá-los como informantes ou pontes de acesso para os criminosos, uma tática que em muitas ocasiões irá ajudá-lo a encontrar e pista certa para resolver alguns casos.
3P (Nicolas Trevijano) tem 30 anos e um bom caráter. Luta jiu-jitsu, é fanático por esportes extremos e entrou para a polícia atraído pela adrenalina da profissão. Por vezes impulsivo e descontrolado, 3P tem dificuldades para lidar com a violência que constantemente coloca sua vida em perigo.
Fica bem claro que a própria composição dos personagens é uma metáfora das personalidades que compõem a polícia brasileira. Mas fica bem óbvio, também, que as personagens, cada uma de sua maneira, busca a realização e a afirmação da Justiça, em seu sentido maior.
Até ontem (24/6/2008) eu não vinha entendendo muito bem a mensagem que a série buscava passar. Mas continuei assistindo. Na verdade, ainda não sei bem a mensagem, mas o episódio de ontem, intitulado “Eu Sou Mais Forte”, me deixou realmente chocada.
Nele, jovens de elite lutadores espancam dois jovens de periferia, um deles até a morte. O dinheiro e a influência de sus famílias intimidam a justiça e afastam testemunhas, perpetuando a impunidade. Sobre este pano de fundo, reflexo dessa espécie de apartheid brasileiro, estão tecidos os conflitos dramáticos.
Dani e 3P nos apresentam as ambigüidades de ser jovem neste mundo minado. Dani se envolve na balada com os espancadores: jovens, ricos, sarados, com um charme cínico e poderoso. Apesar de ser policial, 3P também se deixa seduzir por esse jeito de ser agressivo e poderoso – em última instância, de elite.
O subtema das mães protegendo seus filhos perpassa o episódio. O foco principal está em Luísa que, com medo de represálias, não quer que Dani, testemunha ocular do crime, deponha. A mãe de um jovem pobre, vítima e testemunha, também evitará que seu filho se apresente à polícia. E, no pólo oposto, a mãe do jovem de elite defenderá seu filho coagindo testemunhas e mobilizando suas influências.
Essa presença das mães dramatiza o conflito entre valores públicos e privados, que se expressa no episódio também em termos mais gerais – principalmente no confronto entre Eduardo e Horácio –, retomando e concentrando uma pergunta que está também em outros momentos da série: a justiça é mesmo para todos?
O episódio teve, na minha opinião, dois momentos emblemáticos.
Em um deles, Eduardo janta com a noiva e seu sogro, o Deputado, em um restaurante caro. Durante a conversa, o Deputado elogia uma declaração que Eduardo fez à imprensa, dizendo que este conseguiu manter-se afastado da opinião pública. Eduardo então responde que não tem “compromisso com a opinião pública, mas com a coisa pública, a res publica”, ao que é devidamente menosprezado pelo Deputado, que diz que esse latim de Eduardo para ele, é grego.
Na cena final do episódio, o policial 3P, inconformado com a impunidade de Felipe, que espancou um adolescente da periferia até a morte e cuja família coagiu testemunhas, vai até a academia para confrontá-lo fisicamente. Eles lutam, Felipe deixa 3P na lona e sai declarando que é mais forte.
A metáfora é clara: dinheiro e poder derrubam a Justiça; mais uma vez o que se vê é a supremacia da impunidade, em uma sociedade em que a lei e a ordem apenas funcionam para os negros e pobres.

sábado, 31 de maio de 2008

Direitos humanos e o antropocentrismo neo-romano


Viviane Fernandes

Direito humano é uma expressão que, em sua própria origem remonta ao antropocentrismo, ao declarar o homem centro de toda uma gama de direitos inerentes àquilo que se convenciona como dignidade, alijando destes direitos todas as demais espécies vivas.
Declarar direitos humanos significa o mesmo que firmar que deus fez o homem à sua imagem e semelhança, concedendo-lhe o direito objetivo de criar critérios que determinam a vida e a morte das espécies. Como conseqüência, verifica-se no mundo moderno que as políticas de desmatamento e destruição de áreas ambientais demonstram total descaso para com todas as formas de vida que habitam os diversos ecossistemas – inclusive, as humanas.
Cristaliza-se ainda o fato de que os direitos humanos, na prática, remetem aos princípios do direito romano, em que são sujeitos de direito apenas os caucasianos, homens e produtores de renda, uma vez que no mundo moderno, globalizado, o que se vê na prática são grupos étnicos, econômicos e cronológicos desprestigiados, completamente excluídos destes direitos.
Não que estes grupos estejam afastados das realidades dos grandes centros urbanos e dos olhares de toda a sociedade. Não apenas os índios são despojados de toda sua dignidade enquanto nação, mas ainda hoje negros e latinos são tratados com enorme preconceito. E o que se falar do desmerecimento que sofrem crianças, mulheres, idosos, deficientes físicos? A própria existência de uma delegacia para a infância e a juventude, uma delegacia do idoso e uma delegacia da mulher, bem como as respectivas leis específicas que visam tutelar os direitos destes grupos já prova o quanto são prejudicados pelo (in)consciente da coletividade.
Assim, o homem moderno reproduz o conceito ancestral da sociedade romana, ao pesar maior valor em favor dos homens, livres e produtores de renda. E, nesse contexto, os direitos humanos não ferem apenas à diversidade biológica do planeta, ofendendo também à multiplicidade humana, ao desconsiderar, na prática, as diferenças culturais, étnicas, cronológicas, econômicas, sexuais; enfim, toda a imensa diversidade viva que compõe o Planeta.
A Vida talvez não seja algo material que devamos tentar definir, mas uma complexidade que a torna tão maravilhosamente exuberante que devemos, a cada dia, nos deliciar com o espetáculo de formas, cores, idéias que desfilam diante de nós. E, para fazer Justiça à Ela, certamente deve-se desprezar a expressão direitos humanos, e substituí-la urgentemente pela locução Direitos dos Seres Vivos. Esta, certamente, mais justa.

domingo, 13 de abril de 2008

Ocaso infantil

Viviane Fernandes
O Brasil outra vez se comove com o fim de uma criança. O caso Isabella Nardoni é o mais recente assunto preferido da imprensa. Ano passado foi a triste história de João Hélio Vieites, vítima da violência urbana no Rio de Janeiro. Um caso que chocou a todos.
O recente caso de Isabella choca pelo mistério do enredo que o envolve. Afinal, quem agrediu a menina Isabella? Quem jogou a criança pela janela, do 6º andar do edifício onde vivem seu pai e sua madastra?
Motivo, meio e oportunidade?
É possível que a polícia consiga desvendar esse caso. Se a imprensa deixar... Por hora, a única coisa certa é que a mídia já encontrou os seus culpados. Ainda que exista a possibilidade de o assassino da menina Isabella estar em plena liberdade e, se for esperto, já foi embora de São Paulo, afastando-se dos holofotes colocados pela imprensa sobre o caso.
Infelizmente, não é apenas o fim trágico de suas vidas inocentes que aproxima João Hélio e Isabella. Infelizmente, estas duas crianças mantém ainda um outro elo, uma conexão que deveria nos envergonhar como sociedade: tanto João Hélio quanto Isabella pertenciam a uma classe social mais abastada, uma classe-média-alta.
Obviamente, nenhuma criança deveria sofrer qualquer tipo de violência. Evidentemente, não se pode tolerar qualquer tipo de coação em qualquer momento da vida social. Mas ela existe, lamentavelmente.
Lembro-me, ainda com bastante revolta, de um caso que li, há anos, em uma edição de O Povo. Um homem jogou a filha, um bebê recém-nascido, pela janela. Quando a mãe chegou a casa, encontrou o 'marido' sentado na sala, assistindo TV. Foi ao quarto e, não encontrando a criança no berço, voltou à sala e interpelou-o sobre o paradeiro do bebê. O homem nada disse, apontou a janela. Horrorizada, a mulher viu o corpo da filha no valão, do outro lado da rua. Correu, encontrou a criança ainda viva, levou-a a um hospital. O bebê não resitiu. Politraumatismo e infecção generalizada. Ela deu queixa e, horas após, a polícia bateu à porta da casa. Encontrou o homem na mesma posição, sentado diante da TV. Foi levado à delegacia, onde confessou o crime. O motivo: "o choro dela estava me irritando". Impassível, como se fosse a coisa mais natural do mundo jogar uma criança pela janela.
Aconteceu em uma favela do Rio de Janeiro. Apenas o jornal O Povo noticiou. Apenas a imprensa marronista.
Descaso - com a infância, com certeza. Mas, onde estavam todos os repórteres que hoje fazem plantão na porta da casa do avô de Isabella? Onde estavam aqueles repórteres que passaram dias, semanas, assediando a família Vieites? Descaso da imprensa, que escolhe o que reportar. Como e quando noticiar. Morte de pobre é para os periódicos de baixa categoria.
Crianças negras, pobres, carentes. Apesar do descaso, essas também são humanas. Negros e pobres também são seres humanos! Parece absurdo ter que escrever, repetidas vezes esse corolário, mas a sociedade tende a fechar os olhos para o drama daqueles a quem escolheu desamparar.
Vivemos em uma sociedade de desigualdades, dessemelhanças que propiciam a manifestação de conflitos sociais que, eventualmente, chegam às nossas casas por meio daquele aparelho retangular que tanto cultuamos. Porém, será que realmente questionamos o que nos é enviado, ou apenas vivemos como gado - povo marcado, povo feliz?
"Pensei que era um mendigo".
"Pensei que era uma prostituta".
"O choro dela estava me irritando".
[...]

segunda-feira, 24 de março de 2008

Outras vidas...

Viviane Fernandes
Tava zapeando pela internet quando encontrei o currículo CNPQ de um antigo amigo. Obviamente, fiquei super feliz por 'encontrá-lo', mas não consigo afastar uma sensação de angústia. Aliás, há algum tempo venho sentindo esse tormento.
Vi hoje, pela internet, algumas caras antigas. Rostos que um dia fizeram parte da minha história, momentos que parecem tão distantes que me dão a sensação que que foram vividos em outra existência.
Nada pior na vida que a recorrente indagação do 'e se'.
'E se' eu tivesse concluido a faculdade de biologia?
Estaria meu nome no site de Curriculo Lattes do CNPQ?
Será que eu estaria trabalhando em algum museu ou universidade pelo Brasil?
Em quantas publicações constaria o meu nome?
Drª V. S. Fernandes, talvez...
Imagina:
FERNANDES, V. S.; et all. Contribuição para o estudo do comportamento de Crotalus durissus em cativeiro.
Blá, blá, blá...
Há momentos em que sinto minha vida tão vazia... À porta dos 40 anos estou ainda no meio do curso de minha primeira faculdade. Depois de tantas desistências, tantos erros, tento correr atrás do tempo perdido, na verdade, de um tempo desperdiçado por mim.
O que eu fiz, o que eu construí?
'E se' eu tivesse feito tudo diferente?
Infelizmente, não há resposta para o e se. Nossa vida é o que é; é exatamente aquilo que fizemos dela. Uma vez escolhido o caminho, não dá pra desistir e voltar atrás sem que se pague um preço por isso. E, certamente, o retorno não nos levará ao mesmo caminho que teríamos ido, se antes tivessemos feito essa mesma escolha.
A mim, só resta seguir. E torcer para que o futuro seja melhor do que o 'e se'...

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Como evitar um assalto

1. Não sair de casa;
2. não ficar em casa;
3. se sair, não sair sozinho, nem acompanhado;
4. se sair sozinho ou acompanhado, não sair a pé, nem de carro;
5. se sair a pé, não andar devagar, nem depressa, nem parar;
6. se sair de carro, não parar nas esquinas, nem no meio da rua, nem nas calçadas, nem nos sinais. Melhor deixar o carro na garagem e pegar uma condução;
7. se pegar uma condução, não pegar ônibus, nem taxi, nem trem, nem carona;
8. se decidir ficar em casa, não ficar sozinho, nem acompanhado;
9. se ficar sozinho ou acompanhado, não deixar a porta aberta, nem fechada;
10. como não adianta mudar de cidade ou de país, o único jeito é ficar no ar. Mas não num avião.
Leon Eliachar

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Oito assassinatos, um esclarecido (Época n° 507, de 4 de fevereiro de 2008)

Viviane Fernandes
A matéria “oito assassinatos, um esclarecido”, publicada na Revista Época n° 507, de 4 de fevereiro de 2008 (http://revistaepoca.globo.com/EditoraGlobo/Artigo/exibir.ssp?artigoId=81448&secaoId=6009&edicao=507), traz uma afirmação atribuída aos delegados do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da polícia de São Paulo. Segundo a matéria: “delegados do DHPP reconhecem dar prioridade a casos que tenham repercussão – além daqueles cujas vítimas são policiais. Para solucioná-los depressa, o departamento desloca um grande número de investigadores. Nos casos de menor visibilidade, os recursos são escassos. Com isso, a maioria dos assassinatos não é esclarecida”. A matéria continua com a seguinte declaração de Guaracy Mingardi, pesquisador do Instituto Latino-Americano das Nações Unidas para Prevenção do Delito e Tratamento do Delinqüente (Ilanud): “cerca de 80% dos inquéritos de homicídios concluídos nos últimos anos na cidade de São Paulo acabaram arquivados”.
Tais revelações, no mínimo, preocupantes deveriam levar a sociedade a questionar as autoridades públicas no que diz respeito à distribuição dos recursos destinados à segurança pública. Afinal, homicídio consiste em crime de grande potencial ofensivo à pessoa; assim, sua solução deveria ser a maior prioridade das autoridades investigativas.
Matérias como estas, provavelmente, não por acaso, publicadas na edição que foi lançada no carnaval, quando a mente da maioria dos brasileiros está voltada para outros ideais, deveriam ter maior destaque, pelo impacto que causam na vida cotidiana da sociedade.
Os homicídios acompanhados pela repórter aconteceram na cidade de São Paulo, nos dias 8 e 9 de dezembro de 2007. O único caso solucionado foi o latrocínio ocorrido na mansão do empresário Ricardo Mansur, no Morumbi, ocasião em que seu copeiro foi assassinado. Os demais casos, nada além de levantamentos preliminares, em um deles, a vítima sequer foi identificada.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Direitos humanos

Viviane Fernandes
Uma das expressões mais proscritas da modernidade, os Direitos Humanos não têm sido encarados com a seriedade que merecem. Traduzido pela grande parte da humanidade como ‘direito de bandido’, como conseqüência da atuação de organizações cujos objetivos são, no mínimo, questionáveis, os Direitos Humanos nasceram com um propósito muito maior do que o que tem servido.
Em todo planeta há grupos humanos sobrevivendo em condições bastante inferiores ao mínimo aceitável. São pessoas que vivem abaixo do cinturão de miséria, completamente alijadas de qualquer qualidade de vida.
São famílias que catam lixo para se alimentar, pessoas que tentam sobreviver em meio a guerras, violência, fome, miséria. São sujeitos incapazes de exercer seu direito inalienável à dignidade, empurrados ao desespero por sua condição física, geográfica, política, étnica, etária, profissional, social. São tantas as formas de discriminação que é quase impossível qualificar os excluídos.
Uma coisa, porém, ainda é bem clara. Apesar de todo discurso democrata, o planeta continua a ser governado para as minorias elitizadas, o cream de la cream da sociedade.
Os sonhos de igualdade social estão cada vez mais distantes de se tornarem realidade. Cedo ou tarde, essa realidade vai consumir toda ilusória estabilidade que engabela as elites.
O verdadeiro equilíbrio social apenas será alcançado por meio da igualdade.

O solitário

Odeio seguir alguém, como também conduzir.
Obedecer? Não! E governar, nunca!
Quem não se mete medo não consegue metê-lo a ninguém,
Somente aquele que o inspira é capaz de comandar.
Já detesto comandar a mim mesmo!
Gosto, como os animais, das florestas e dos mares,
De me perder durante um tempo,
Permanecer a sonhar num recanto encantador,
E forçar-me a regressar de longe ao meu lar,
Atrair-me a mim próprio... de volta para mim.
-o-
NIETZSCHE, Friedrich. A Gaia Ciência. São Paulo: Martin Claret, 2004.

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Carro 'verde'

Viviane Fernandes
As notícias mais recentes sobre a questão do aquecimento global estão provocando, em todos os segmentos da sociedade, uma exacerbada preocupação acerca do futuro do planeta e, conseqüentemente, sobre o destino da humanidade.
Previsões mais fatalistas proclamam que o efeito estufa irá provocar o degelo das calotas polares, o que terá, como efeito, o aumento do nível dos oceanos, provocando a inundação de cidades localizadas em áreas costeiras. Este aumento das temperaturas globais influenciará também toda biota, uma vez que todos os seres vivos do planeta terão que se adaptar a um diferente padrão climático.
De uma forma simplista, o aumento da temperatura têm sido associado à degradação da camada de ozônio. Nesse contexto, os veículos movidos a combustíveis derivados do petróleo vêm sendo apontados como grandes vilões, além dos refugos poluentes emitidos pelas indústrias e os gases emanados pelas fezes do gado bovino.
Quanto às fezes do gado, a não ser que o homem provoque a extinção de mais uma espécie, não há muito a ser feito. A carne bovina, bem como o leite e seus derivados, ainda figura como importante fonte alimentar.
Algumas indústrias já vêm assumindo sua responsabilidade social e estão tomando a iniciativa de diminuir a emissão de gases poluentes, por meio de mudanças em suas linhas de produção, adotando o conceito de carbono neutro (
http://www.carbononeutro.com.br/).
Quanto à indústria automobilística, a moda agora é o carro ‘verde’. Existe uma preocupação global das indústrias automobilísticas em produzir modelos viáveis de veículos automotores movidos a energia elétrica, mais limpa que os combustíveis derivados do petróleo ou da cana.
Apesar de parecer uma solução perfeita, esta solução requer um questionamento muito mais sério, principalmente no que tange à utilização deste tipo de tecnologia nos mais diversos países do mundo.
Um dos problemas mais relevantes diz respeito à própria produção da energia elétrica. No Brasil, a energia elétrica é produzida, em sua maior quantidade, pelo processo hidrelétrica. Por si só, este tipo de sistema provoca um imenso custo ambiental. A operação de uma hidrelétrica demanda a construção de uma enorme barragem e a inundação de extensas áreas, com a desapropriação de cidades inteiras. O custo ecológico envolve a necessidade de desenvolvimento de um projeto de resgate de fauna na região que, no entanto, não impede que inúmeros animais se afoguem com a subida das águas represadas. Isso, sem contar o custo para a flora da região. Morte é o preço do progresso.
Além disso, aqui já se fala, há alguns anos, em apagões elétricos. Os períodos de seca estão causando a diminuição dos reservatórios de água e a conseqüente redução da produção de energia elétrica. Com isso, o governo vem solicitando à população que consuma a energia elétrica de forma mais regrada. A implementação comercial de veículos movidos a eletricidade irá aumentar sensivelmente o consumo de energia elétrica.
Dessa forma, nenhuma solução é tão simples como parece. Em primeiro lugar, deve-se levar em conta de que não existem atalhos para o desenvolvimento. Cada passo deve ser dado de forma consciente e consistente. Não há soluções mágicas para a implementação de uma consciência ecológica, e toda e qualquer tecnologia, por melhor que possa parecer, deve ser pensada de forma racional, antes de ser empurrada como a solução de todos os problemas.

Quote XXXV



Já foi dito que o tempo cura todas as feridas. Não concordo; a ferida continua. Com o tempo, a mente se protege da insanidade cobrindo a ferida com cicatrizes, e a dor diminui, mas nunca desaparece.
Rose Fitzgerald Kennedy

Quote XXXIV



Antes de embarcar em uma jornada de vingança, cave duas covas.
Confúcio

Quote XXIII




As lágrimas mais amargas derramadas sobre os túmulos são pelas palavras que não foram ditas e pelas coisas que não foram feitas.
Harriet Beecher Stowe

Quote XXXII



Ideologias nos separam; sonhos e angústias nos unem.
Eugène Ionesco

Quote XXXI



Quando você tiver eliminado o impossível, o que quer que permaneça, mesmo que improvável, deve ser a verdade.
Sir Arthur Conan Doyle

Quote XXX



Imaginação é mais importante que conhecimento. O conhecimento é limitado, a imaginação circunda o mundo.
Albert Einstein

Quote XXIX



Não se incomode apenas em ser melhor que seus contemporâneos e predecessores. Tente ser melhor que você mesmo.
William Faulkner

Quote XXVIII



Existem certas pistas na cena do crime que, por sua própria natureza, não se permitem ser coletadas ou examinadas. Como coletar amor, raiva, ódio, medo?
James Reese

Quote XXVII




No fim, não são seus anos de vida que contam, mas a vida nesses anos.
Abrahan Lincoln

Quote XXVI




As coisas podem mudar; mas tudo começa e termina com a família.
Anthony Brandt

Quote XXV




O homem saudável não tortura. Em geral, é o torturado que se torna torturador.
Carl Jung

Quote XXIV



O indivíduo deve lutar sempre para não ser dominado pela tribo.
Friedrich Nietzsche

Quote XXIII



É melhor ser violento se houver violência no coração que usar um manto de não-violência para encobrir a impotência.
Condeno a violência. Quando ela parece fazer o bem, é um bem temporário; o mal que ela provoca é permanente.
Mahatma Gandhi

Quote XXII



Aqueles a quem amamos e nos são próximos são a quem não entendemos.
Norman MacLean

Quote XXI



O assassinato é único porque elimina a passoa da vítima para que a sociedade se ponha em seu lugar e, em seu nome, exija castigo ou conceda perdão.

W. H. Auden

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Timin' is everything

Para tudo existe uma época, e um tempo para todo propósito sob o céu.
Um tempo de nascer, um tempo para morrer; um tempo de plantar, um tempo para colher; um tempo para matar, um tempo para curar; um tempo para rir, um tempo para chorar.
Um tempo para construir-se, um momento para enfraquecer; um tempo para dançar, um tempo para lamentar; um tempo para lançar pedras à distância, um tempo para recolhê-las.
Um tempo de amor, um momento de ódio; um tempo de guerra, um tempo de paz; um momento para abraçar, outro para se abster de ser abraçando.
Um tempo para ganhar, um tempo a perder; um tempo para rendição, um tempo para fechar acordos; um tempo para amar, um tempo para odiar.
E, certamente não é tarde demais para a Paz!

Isolamento...



O isolamento apenas existe em si mesmo; uma vez compartilhado, desaparece.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Quote XX



A pessoa que não lê mal fala, mal ouve, mal vê.
Malba Tahan

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Ética e a vida

Num papo sobre ética com meu pai, um médico estudioso, disse-me uma frase que marcou parte da minha trajetória. Era mais ou menos assim: Nietzsche e Schopenhauer refletiram muito sobre a ética diante da razão e dos sentimentos. E para se tomar uma decisão têm de se ouvir a razão e o coração. Portanto a ética poderia ser considerada como a ação final de uma conduta que leva em consideração os preceitos da razão e os conflitos do coração.
Etimologicamente falando, ética vem do grego ethik que significa moral, tem seu correlato no latim morale, com o mesmo significado: conduta, ou relativo aos costumes. Etimologicamente ética e moral podem até parecer palavras sinônimas, mas a ética nasce de dentro de nós , ou seja, é uma conduta que tem a ver com a experiência de vida onde se vivenciou os aspectos da moralidade da sociedade. Enquanto a ética vem de dentro, a moral vem de fora. A moral vem dos costumes de cada local e a ética, nasce do caráter. A ética é intrínseca do homem e a moral extrínseca ao homem. Mas este é um assunto para outro texto.
Ainda, segundo o Dicionário Aurélio, ética é "o estudo dos juízos de apreciação que se referem à conduta humana susceptível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente à determinada sociedade, seja de modo absoluto". Vários pensadores em diferentes épocas abordaram especificamente assuntos sobre a ética: os pré-socráticos, Aristóteles, os Estóicos, os pensadores Cristãos (Patrísticos, escolásticos e nominalistas), Kant, Espinoza, Paul Tillich , entre outros. Mas e hoje, o que somos e o que pensamos sobre a ética? Bom, para começar acredito que para melhorar o mundo se deve começar com que está à sua volta.
Em cinco séculos, conseguimos dizimar 96% dos índios e destruir 20% da floresta amazônica. Transformamos uma área maior que o RS, PR, SC, RJ e ES somados num pasto que beneficia apenas 20 mil famílias de pecuaristas numa região onde moram 20 milhões de pessoas.
Quais os valores que nos moldam?
Quais as razões que nos faz confundir o desejo do pouco que somos em relação ao muito que a vida nos traz?
Existe uma metáfora indiana que nos ensina: na índia vive um pássaro que é único – a encantadora Fênix tem um bico extraordinariamente longo e muito duro, perfurado com uma centena de orifícios, como uma flauta. Cada abertura em seu bico produz um som diferente, e cada um desses sons revela um segredo particular, sutil e profundo. A Fênix conhece de antemão a hora de sua morte. Quando ela sente aproximar-se o momento de retirar o seu coração do mundo, constrói uma pira reunindo ao redor de si, lenha e folhas de palmeira. Quando lhe resta apenas um sopro de vida, a Fênix bate suas asas e agita suas plumas, e deste movimento produz-se um fogo que transforma seu estado. Porém, quando a pira foi consumida e a última centelha se extingue, uma pequena Fênix desperta do leito de cinzas.
A ética para mim é como a Fênix, nos faz nascer e morrer a cada dia em busca de uma visão melhor de nós mesmos para que os olhos não fiquem voltados para o externo e sim para o interno, de onde ressurge todos os dias a resposta para um planeta melhor.

domingo, 27 de janeiro de 2008

Quote XVIII



Na história do mundo há somente uma coisa que o dinheiro não compra, que é o abanar do rabo de um cachorro.
Josh Billings

Fantasmas

Tenho os meus fantasmas. Eles me atormentam, diariamente. Meus fantasmas vêm do passado, dos lugares e dos acontecimentos que gostaria de ter esquecido, mas que me perseguem nos momentos de maior fraqueza.
Meus fantasmas vêm também do futuro, daquele lugar que quero alcançar, mas não sei se conseguirei. Sou boa o suficiente? Sou forte o suficiente? Conseguirei manter o espírito alerta o suficiente para transpassar, com sabedoria, todos os obstáculos?
Com os fantasmas do passado, é fácil lidar. Estes, é fácil varrê-los para debaixo do tapete da vida cotidiana. Por vezes é fácil escolher o que fazer: ou lidamos com eles ou, simplesmente, tiramo-os do meio do caminho. Fazemos isso todos os dias, e eles não se importam, pois sabem que, cedo ou tarde, nos arranharão novamente com suas garras invisíveis.
Já os fantasmas do futuro... Como parecem palpáveis! Estes não sussurram; clamam com o vigor de milhares de pulmões em nossos ouvidos, por vezes impedindo nossas ações, fazendo-nos nosso próprio inimigo. Suas vozes ribombam em nossa mente, nos fazem tropeçar em nossos pés, espojando-nos no lodo de nossa incredilidade. Superá-los é uma batallha diária.
Nos dias de maior desespero é quando reconhecemos o quanto somos fortes. Desejar a superação dos obstáculos pode ser bem mais difícil do que parece, mas os problemas existem para ser afastados. Cada qual a seu modo; cada um, a seu momento.
VSF

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Live long and prosper...

Costumo dizer que eu cresci na ponte da Entreprise. Isso é, obviamente, uma metáfora, fundada em uma certa verdade. Acontece que eu não fui o tipo de criança que brincava na rua, minha infância foi mais introspectiva, e bastante televisiva.
Minha referência direta a Jornada nas Estrelas decorre do fato de que esta foi a série que acompanhou o maior período de minha infância, bem como toda a minha vida adulta. Essa infiltração cultural deixou fortes marcas em minha personalidade.
O conceito de Star Trek foi criado por Gene Roddenberry na década de 60. Naquela época, a censura agia com punhos de ferro, e Gene criou uma série que criticava esse momento político. Ao tratar a realidade por meio de criaturas extraterrestres, Gene foi capaz de driblar os órgãos censores e passar sua mensagem.
Em sua ponte de comando, a Enterprise da série clássica já transmitia uma mensagem de igualdade e tolerância. Não era por acaso que lá havia uma mulher negra, um oriental, um russo, um escocês e um extraterrestre, todos trabalhando em paz e harmonia.
Uma curiosidade: a atriz Nichelle Nichols conta que, em uma convenção, uma menina se aproximou dela e disse amar Star Trek porque, pela primeira vez, vira uma mulher negra interpretando um papel que não fosse o de empregada. Essa menina era Whoopi Goldberg, que anos depois interpretaria a complexa personagem Guinan, em Star Trek Next Generation.
Tolerância. Esta foi, sem dúvida, a primeira e mais valiosa lição que aprendi com a tripulação do Capitão Kirk. Sou apenas humana e, como tal, tenho inúmeros defeitos; como tal, sou uma criatura preconceituosa. Porém, por causa das lições de ST, um de meus objetivos de vida é abandonar este sentimento mesquinho e degradante.
Roddenberry fez também com que a diretriz primeira da Federação dos Planetas Unidos fosse a de não interferência. Por várias vezes, a série mostra como é difícil respeitar esta diretriz, seja por motivos éticos, morais ou humanitários. Por sermos tão apegados a nossos próprios padrões culturais, é extremamente difícil aceitar a cultura de outros povos.
Alteridade. Conceito que significa o respeito a diferentes formas culturais. Com ST aprendi que os povos são diferentes, agem e pensam de forma diferente, porém, isso não faz com que uma cultura seja melhor que a outra. Somos todos, apenas, diferentes. Isso é verdade, tanto na Terra, como em qualquer outro planeta do Universo.
TaH pagh TaHbe.
Outra importante lição eu tirei da antítese Spock x Data, embora sejam personagens de fases diferentes da série. Spock, o meio humano que tentava tão arduamente abandonar os sentimentos e se tornar absolutamente cerebral; e Data, o andróide destituído de sentimentos, buscando desesperadamente por sua humanidade. Nenhu dos dois é perfeito, e nenhum dos dois é satisfeito com sua condição.
A lição clara é que lógica e sentimentos devem existir em harmonia, um não pode sobrepujar o outro, assim como um não é melhor que o outro. Para sermos completos, temos que encontrar o perfeito ponto de equilíbrio entre eles.
Esses conceitos, que assim, escritos, parecem tão simples, guiam minha vida. Minha personalidade é hoje um somatório dos ensinamentos ministrados por Kirk, Spock e McCoy, Pickard, Janeway, Sisko, Worf, Data, Troy...
E, em verdade, embora a estória se passe no futuro, Star Trek não é nada mais que uma nova forma de narrar um conto de capa-e-espada, na tradução de todos os seus valores de dignidade, lealdade, honradez. Valores que a humanidade, infelizmente, vem deixando de lado ao longo dos tempos.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Meu Reino

Atrás da porta guardo os meus sapatos
Na gaveta do armário coloco minhas roupas
Na estante da sala vejo muitos livros
E a geladeira conserva o sabor das refeições
Minha casa é meu reino

Mas eu preciso de outros sapatos
De outras roupas, outros temperos
Para formar minhas idéias e meus sentimentos
Eu sou a soma de tudo que vejo
E minha casa é um espelho
Onde a noite eu me deito e sonho com as coisas mais loucas
Sem saber porquê

É porque trago tudo de fora
Violência e dúvida, dinheiro e fé
Trago a imagem de todas as ruas por onde passo
E de alguém que nem sei quem é
E que provavelmente eu não vou mais ver
Mas mesmo assim ele sorriu pra mim
Ele sorriu e ficou na minha casa que é meu reino

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Quote XVII




Dizeis: darei só aos que precisam. Mas os vossos pomares não dizem assim; dão para continuar a viver, pois reter é perecer.
Khalil Gibran

Nada como o tempo

Com o tempo, você vai percebendo que para ser feliz com uma outra pessoa, você precisa, em primeiro lugar, não precisar dela.
Percebe também que aquele alguém que você ama (ou acha que ama) e que não quer nada com você, definitivamente não é o "alguém" da sua vida.
Você aprende a gostar de você, a cuidar de você e, principalmente, a gostar de quem também gosta de você.
O segredo é não correr atrás das borboletas... é cuidar do jardim para que elas venham até você.
No final das contas, você vai achar não quem você estava procurando, mas quem estava procurando por você.
O amor é igual a uma borboleta, quando você tenta pegá-la, ela foge, mas quando você está distraído, ela vem e pousa em você.
Mário Quintana

Inversão de valores

Viviane Fernandes
Com a aproximação do Carnaval, parece que o carioca sofre de uma repentina amnésia. Todos os problemas deixam de existir e a preocupação dos presidentes das associações de moradores passa a ser a instalação de banheiros químicos para o uso dos foliões.
Ainda agora, assistindo ao RJTV, fiquei surpresa ao descobrir que existe um curso para (in)formar jurados para apreciar os desfiles das escolas de samba do grupo especial. Veja só, é um curso no qual os candidatos a jurados recebem informações, CD, apostila. E, a cada ano, 40 pessoas, das mais diversas profissões e classes sociais, são responsáveis por emitir parecer, quesito a quesito, sobre cada um dos aspectos dos desfiles.
Infelizmente, como dizia Raul (já que citar Raul virou moda), “é uma pena eu não ser burro, assim não sofria tanto”, eu não consegui passar impune por esta notícia.
No Brasil, a instituição do júri, aquela responsável por processar e julgar os crimes dolosos contra a vida, conta com 7 pessoas do povo, cuja responsabilidade é determinar a culpa ou a inocência de um sujeito acusado de ter cometido, intencionalmente, dolosamente, homicídio, infanticídio, aborto, em suas modalidades consumada ou tentada, e induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio.
Em resumo, no Tribunal do Júri são tratados casos de pessoas que, de alguma forma, atentaram contra a vida de outrem, com a efetiva intenção de fazê-lo. Porém, os jurados do Tribunal do Júri são convocados dentre cidadãos que se inscrevem para tal, não fazem qualquer curso para a especial função pública que irão exercer, não recebem qualquer informação sobre a imensa responsabilidade que assumem. Pagamentos ou benefícios, então, nem pensar. Fazer parte do Júri é honoris causa.
Sim, responsabilidade, pois, nas mãos dos jurados, também conhecidos como juízes leigos, é depositado o destino daquele acusado, bem como a expectativa de manutenção da justiça, tutela esta exclusiva do Estado.
Ao contrário da obrigação constitucional de que todas as decisões do Poder Judiciário devem ser motivadas, as decisões dos jurados do Tribunal do Júri são realizadas pelo seu livre convencimento, sem qualquer necessidade de fundamentação. Essa liberdade no julgamento, em última instância, faz com que os acusados por cometer crimes que se tornaram públicos, aqueles que recebem grande cobertura pela mídia, não tenham direito a um julgamento justo, já que os membros do júri, não raro, já chegam à tribuna com um veredicto em mente: culpado.
Mas, é claro, é muito mais importante manter a transparência e a imparcialidade no julgamento do desfiles das escolas de samba...

Quote XVI




Pouco conhecimento faz com que as pessoas se sintam orgulhosas. Muito conhecimento, que se sintam humildes. É assim que as espigas sem grãos erguem desdenhosamente a cabeça para o céu, enquanto que as cheias as baixam para a terra, sua mãe.
Leonardo da Vinci

Quote XV







Quote XIV




Eu aprendi que para se crescer como pessoa é preciso me cercar de gente mais inteligente do que eu.
William Shakespeare

Abdicação

Fernando Pessoa

Toma-me, ó noite eterna, nos teus braços
E chama-me teu filho.
Eu sou um rei que voluntariamente abandonei
O meu trono de sonhos e cansaços.

Minha espada, pesada a braços lassos,
Em mão viris e calmas entreguei;
E meu cetro e coroa — eu os deixei
Na antecâmara, feitos em pedaços.

Minha cota de malha, tão inútil,
Minhas esporas de um tinir tão fútil,
Deixei-as pela fria escadaria.

Despi a realeza, corpo e alma,
E regressei à noite antiga e calma
Como a paisagem ao morrer do dia.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

domingo, 20 de janeiro de 2008

Cândido Mariano da Silva Rondon

Uma humilde homenagem ao grande sertanista brasileiro.

sábado, 19 de janeiro de 2008

Fernando Pessoa

Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo. E que posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um não.
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo.

O que os olhos não vêem...

Não dá mais para pensar em ti. Não dá mais pra falar de ti. Não dá mais pra sentir por ti e ter esta certeza de que nada vai mudar.
Pensando bem, não te ver é uma bênção. É um tempo para poder acalmar o coração e esperar as feridas cicatrizarem, esperar que os hematomas desapareçam. É contar com a cura da alma.
É ter certeza de que um dia, o presente será passado e que, nesse dia, o passado será algo que te fortalece; pois, se tenho uma certeza agora, é a de que o que sinto por ti não me matará, mas tornar-me-á mais forte. O tempo é remédio para as feridas, para todas elas, para as do corpo e as da alma também.
A luta contra si é inglória. Ao fim da batalha, sempre haverá feridos. Eu estarei entre eles; eu estou entre eles. Eu sou a maior vítima de mim mesma. Nessa guerra, vencerei sobre minha própria derrota; e, na derrota, assistirei de joelhos ao meu triunfo.

VSF

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Outro peixinho...


Ciff Burton

Hoje senti uma imensa saudade do Ciff Burton...
Quem tem mais de 35 anos e curtiu rock'n roll na década de '80 sabe de quem estou falando...
Rest in peace, Cliff... I miss you... Rock'n roll will never be the same!

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

À deriva

Meu coração é um veleiro
À deriva no oceano
Aguardando um sopro seu
Que oriente meu caminho

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Quote XIII


Odeio quem me rouba a solidão sem em troca me oferecer verdadeira companhia.

Friedrich Nietzsche

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Amor, amor




Amor, amor
Assim como um leão caçando o medo
Cazuza

Ghost Rider

If you don't make the choice, the choice makes you.